11 março 2009

BPP


O actual presidente do Conselho de Administração do Banco Privado Português, Adão da Fonseca, está a braços com uma situação particularmente delicada, mas a sua sugestão, a de criar um fundo que agregue todos os investimentos de retorno absoluto, é uma boa sugestão para os clientes do banco, embora me pareça também de difícil execução. Pelo menos, foi essa a conclusão que eu retirei da sua entrevista de hoje à TVI24.

Primeiro, assumindo que se trata de uma carteira de obrigações (como afirma Adão da Fonseca, apesar de eu ainda não ter percebido que é feito das célebres posições no BCP, Brisa, Mota Engil, etc.!?) e assumindo também que nenhum dos emitentes em cuja dívida o BPP tenha investido entra em incumprimento (como também sugere Adão da Fonseca), na solução do fundo, os clientes receberiam todo o capital investido daqui a uns anos, na pior das hipóteses lá para 2017. Segundo, ao transferir as posições do BPP, tomadas por conta dos seus clientes, para um fundo cujo património seria autónomo do património do próprio banco, os clientes colocariam assim as suas poupanças a salvo do inevitável processo de insolvência que, mais dia menos dia, o BPP enfrentará.

Infelizmente, vislumbro duas dificuldades. Primeiro, esta solução, se adoptada, vai esvaziar o BPP de clientes porque estes não aceitarão o banco como gestor do fundo nem como sua entidade custodiante. Logo, o BPP não terá qualquer legitimidade para receber qualquer tipo de comissão ficando, deste modo, sem direito a receitas. Segundo, os accionistas do banco, que também já devem ter percebido isto que aqui acabei de escrever e que, por isso, não têm nenhum incentivo económico que os leve a concretizar o tal aumento de capital de que há muito se especula, mas que tarda em aparecer. Na minha opinião, o mais provável é que seja metido na gaveta, enquanto os clientes discutem se aderem ou não ao tal fundo proposto pela nova administração, comprometendo a solvência imediata do banco e, possivelmente, a própria solução de Adão da Fonseca.

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