10 março 2009

aldrabão e mentiroso


Deixando para um post posterior as últimas reflexões sobre a homossexualidade de David Hume, eu pretendo neste post responder à seguinte questão: "Qual o interesse em saber da homossexualidade de Hume, isso tem, de facto, algum interesse?".

Tem e muito. Darei a resposta invocando uma pequena história da minha adolescência. Eu sou filho de uma família de quatro rapazes, sendo eu o segundo. Os três mais velhos, fazemos entre nós uma diferença de dois anos cada. Quis o destino que tivéssemos mais um irmão que nasceu precisamente no dia em que eu fiz doze anos, e que distava do mais próximo cerca de dez.

Por isso, quando ele tinha cinco ou seis anos, nós éramos já adolescentes, e ele era o brinquedo da família. Um dos mais velhos, o terceiro, gostava particularmente de o irritar, com o fim de o ouvir dizer todos os insultos que ele sabia dizer, e que eram invariavelmente sempre os mesmos. Era a ouvi-lo dizer o seu chorrilho de insultos que nós nos divertíamos. Por isso, volta-não-volta, o irmão lá concebia uma maquinação para irritar o mais novo. Ele então, nos seus cinco ou seis anos de idade, punha um ar furioso e insultava o irmão sempre da mesma maneira: "Maricas, feio, aldrabão e mentiroso!".

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