No domínio do ensino universitário, uma das principais diferenças entre os ingleses (mais geralmente: os protestantes) e os portugueses (mais geralmente: os católicos) é a instituição da Sebenta.
É certo que nos primeiros anos de um curso universitário, os ingleses também usam, às vezes, uma espécie de Sebenta, embora com um aspecto mais requintado e um nome mais pomposo - Textbook. Nos anos mais avançados do curso, porém, o material bibliográfico é constituido exclusivamente por readings, isto é, artigos escritos sobre as matérias da cadeira por autores os mais diversos e com posições frequentemente contraditórias.
Pelo contrário, em Portugal, do princípio ao fim de um curso universitário, e salvo muito raras excepções, a Sebenta - ultimamente com um aspecto melhorado de Textbook - é a regra. A Sebenta é geralmente escrita por um só autor, ocasionalmente dois ou mais, mas aquilo que a singulariza é que ela só contém uma visão sobre as matérias que são tratadas na cadeira. A Sebenta é, obviamente, a herdeira directa do Catecismo católico: "Aqui está tudo o que há a saber sobre esta matéria, e quem disser algo de diferente - uma heresia - deve receber o tratamento que é reservado aos hereges - a exclusão pelo escárnio, pelo insulto, pela desqualificação, e a mais completa incredulidade".
O resultado é que os ingleses são abertos de espírito, sempre prontos a considerarem uma nova ideia (tese), a testá-la, e, caso ela prove verdadeira, a adoptá-la. Por isso, o conhecimento e a ciência progridem no seu país. Em Portugal, não. Por causa da Sebenta. Anteriormente, era por causa do Catecismo.
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É certo que nos primeiros anos de um curso universitário, os ingleses também usam, às vezes, uma espécie de Sebenta, embora com um aspecto mais requintado e um nome mais pomposo - Textbook. Nos anos mais avançados do curso, porém, o material bibliográfico é constituido exclusivamente por readings, isto é, artigos escritos sobre as matérias da cadeira por autores os mais diversos e com posições frequentemente contraditórias.
Pelo contrário, em Portugal, do princípio ao fim de um curso universitário, e salvo muito raras excepções, a Sebenta - ultimamente com um aspecto melhorado de Textbook - é a regra. A Sebenta é geralmente escrita por um só autor, ocasionalmente dois ou mais, mas aquilo que a singulariza é que ela só contém uma visão sobre as matérias que são tratadas na cadeira. A Sebenta é, obviamente, a herdeira directa do Catecismo católico: "Aqui está tudo o que há a saber sobre esta matéria, e quem disser algo de diferente - uma heresia - deve receber o tratamento que é reservado aos hereges - a exclusão pelo escárnio, pelo insulto, pela desqualificação, e a mais completa incredulidade".
O resultado é que os ingleses são abertos de espírito, sempre prontos a considerarem uma nova ideia (tese), a testá-la, e, caso ela prove verdadeira, a adoptá-la. Por isso, o conhecimento e a ciência progridem no seu país. Em Portugal, não. Por causa da Sebenta. Anteriormente, era por causa do Catecismo.
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Absolutamente admiráveis pela sua flexibilidade e a sua criatividade nas coisas práticas da vida, os portugueses tendem a ser exactamente o oposto na sua vida intelectual: fechados, estreitos, dogmáticos e intolerantes.
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