Acerca do tema que tenho vindo a tratar (iniciado aqui), gostaria agora de o ilustrar com um episódio pessoal. O episódio tem em vista ilustrar a tese central acerca da diferença de culturas, mas também ilustrar como é difícil, por vezes, o diálogo entre duas culturas diferentes. A razão é que uma cultura rejeita aquilo que lhe é estranho, não pela inteligência, mas pelo instinto.
Foi no início dos anos noventa, o PSD governava o país e aproximavam-se eleições. Um dia recebi um telefonema do gabinete do ministro Fernando Nogueira convidando-me para uma reunião de universitários do Porto. A reunião tinha em vista conhecer as preocupações e os anseios da comunidade universitária da cidade.
A reunião teve lugar na Reitoria da Universidade do Porto, estando presentes cerca de 25 universitários, o ministro e um seu assessor. Os universitários falaram à vez, um a um, e eu fui dos últimos a falar. A ladaínha era a mesma em todos eles, queixavam-se da falta de meios para exercerem a sua actividade, e a mensagem implícita era clara: "Se o Governo nos desse mais dinheiro ... nós faríamos da cidade do Porto o centro universitário do mundo e arredores".
Quando chegou a minha vez, eu disse: "Em primeiro lugar, não me vou queixar da falta de meios, porque o meio principal para exercer a minha profissão eu trago-o sempre comigo - a minha cabeça (...)". Quando acabei de falar, havia gelo na sala.
Disseram-me mais tarde que, à saída da reunião, o ministro confidenciou para o assessor: "Aquele Pedro Arroja parte-os a todos." A prazo, porém, eu não estou certo que não tenham sido eles a partir-me a mim.
Foi no início dos anos noventa, o PSD governava o país e aproximavam-se eleições. Um dia recebi um telefonema do gabinete do ministro Fernando Nogueira convidando-me para uma reunião de universitários do Porto. A reunião tinha em vista conhecer as preocupações e os anseios da comunidade universitária da cidade.
A reunião teve lugar na Reitoria da Universidade do Porto, estando presentes cerca de 25 universitários, o ministro e um seu assessor. Os universitários falaram à vez, um a um, e eu fui dos últimos a falar. A ladaínha era a mesma em todos eles, queixavam-se da falta de meios para exercerem a sua actividade, e a mensagem implícita era clara: "Se o Governo nos desse mais dinheiro ... nós faríamos da cidade do Porto o centro universitário do mundo e arredores".
Quando chegou a minha vez, eu disse: "Em primeiro lugar, não me vou queixar da falta de meios, porque o meio principal para exercer a minha profissão eu trago-o sempre comigo - a minha cabeça (...)". Quando acabei de falar, havia gelo na sala.
Disseram-me mais tarde que, à saída da reunião, o ministro confidenciou para o assessor: "Aquele Pedro Arroja parte-os a todos." A prazo, porém, eu não estou certo que não tenham sido eles a partir-me a mim.
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