Os partidos de direita da III República Portuguesa nasceram sob a ameaça de uma revolução comunista e com o problema do Ultramar. A primeira foi evitada pelas forças democráticas, onde é justo incluir o Partido Socialista, o PSD, o CDS, a Igreja Católica e a resistência popular. O problema do Ultramar foi “resolvido” miseravelmente pela chamada Descolonização, tendo terminado em 11 de Novembro de 1975, com a independência formal de Angola. No pós 25 de Abril, a direita separou-se em dois blocos: a que queria “segurar” o Ultramar e a que queria virar-se para a Europa e esquecer África. No essencial, a primeira concentrou-se no Partido do Progresso e um pouco no Partido da Democracia Cristã (na altura, de Sanches Osório); enquanto a segunda se voltou para o CDS e para o PSD. A verdade é que a direita ao tempo chamada “federalista” (por propor uma federação de estados de língua portuguesa, obviamente com os territórios ultramarinos), já nada tinha a dizer ao país. Não é no vórtice de uma revolução que se reestrutura um país. Essa direita, diga-se também, não soube entender a História, e não se esforçou minimamente para promover as transformações que agora propunha, antes da revolução de Abril, quando os ventos lhe seriam muito mais favoráveis. Conformou-se com Salazar e acreditou que o Ultramar lhe sobreviveria milagrosamente sem uma solução política. Os tempos e a geopolítica da época, com o mundo bipolar da guerra fria, também já não aceitavam soluções neo-colonialistas. Por isso, a direita federalista estava condenada a fracassar, ainda que pudesse representar uma franja significativa do eleitorado. A verdade, porém, é que ela foi impedida de ir a eleições, já que aqueles dois partidos foram proibidos, no seguimento do 11 de Março de 75. Ficou o CDS de Freitas do Amaral e de Amaro da Costa. E de uma direita que nem sempre se revia no discurso oficial do partido, mas que não tinha alternativa. Esta direita era europeísta, democrática e defensora dos princípios fundamentais do livre mercado e da propriedade privada. Tinha razão, mas optou por ignorar absolutamente a questão ultramarina, ao lado da qual quis passar e passou, o que a marcou negativamente aos olhos de muitos portugueses.
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