No seguimento dos meus dois posts anteriores, a grande dificuldade em fazer genuína ironia britânica em Portugal é que os portugueses não a percebem (exactamente da mesma maneira como os ingleses não percebem o sentido de humor português). Passa-lhes por cima.
No Portugal Contemporâneo, o Joaquim é quem mais frequentemente, e melhor, pratica ironia britânica. Eu também a uso ocasionalmente. Os resultados são decepcionantes, mesmo quando alguém ironiza sobre si próprio e cede à explicitação e à particularização que não fazem parte da ironia britânica, mas sem a qual a portuguesa não consegue passar.
Tome este exemplo. Comecei por me perguntar: se eu quisesse apanhar aquele blogger que escreve para o Portugal Contemporâneo, e que dá pelo nome de Pedro Arroja, o que fazia, o que é que há de constante, permanente ou característico nele? Resposta: as teses. Depois, para não me tornar excessivamente explícito, escrevi em francês e fui buscar o título de um livro que durante muitos anos foi utilizado para o ensino do francês em Portugal - Mon Ami Pierrot - que continha disfarçadamente o nome do visado, ainda por cima em diminutivo.
Em suma: eu chamar-lhe-ia o Pedrinho das Teses. Mas nem servindo-lhes ironia de bandeja a meu próprio respeito, os comentadores souberam aproveitar. Pelo contrário, terão ficado a pensar que eu me estava a glorificar no post. Que cambada de nabos! Para alguns, aqueles que não me apreciam, a verdadeira ironia, a ironia portuguesa à la Eça, consiste em chamar-me nomes rascas (veja um exemplo aqui).
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