05 fevereiro 2009

banha da cobra


Na sociedade protestante, o comprador é soberano, e o vendedor é, por comparação, o servo. Por isso, a promoção e a distinção social obtém-se, nesta sociedade, vendendo. É pela venda que um homem realiza o dinheiro que lhe permite ascender à classe dos soberanos - a dos compradores. E esta promoção é tanto mais rápida quanto maior fôr a diferença entre o preço de venda e o preço de custo - o lucro.

Esta é, pois, uma sociedade em que o objectivo principal da actividade económica é o lucro. E, na realidade é assim que estipulam os manuais dessa ciência protestante por excelência que é a Economia. A sociedade protestante é a sociedade da maximização do lucro, aquela em que a maior ambição, e a maior distinção social, é a de vender ao máximo preço aquilo que custou a produzir o mínimo preço, o que normalmente significa vender ao mais alto preço possível o produto de pior qualidade possível. Nos seus exageros, a sociedade protestante é a sociedade dos vendedores de banha da cobra e dos aldrabões.
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A sociedade católica é diferente. Nela o vendedor é soberano e o comprador é, por comparação, o servo. A promoção social adquire-se comprando, não vendendo. É pela compra que um homem ascende à classe dos vendedores, que é a classe dos soberanos. E esta promoção é tanto mais rápida quanto maior fôr a diferença entre o valor da coisa que comprou e o preço que pagou por ela.
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Esta é, pois, uma sociedade em que o objectivo principal da actividade económica é essa grandeza muito obscura que, no jargão dos economistas, dá pelo nome de excedente do consumidor (consumer surplus). A sociedade católica é a sociedade da maximização do excedente do consumidor, onde a maior ambição e a maior distinção social, consiste em comprar barato aquilo que custou caro a produzir, o que normalmente significa comprar ao mais baixo preço possível o produto da melhor qualidade possível. Nos seus exageros, a sociedade católica é a sociedade dos chicos-espertos e dos regateiros.

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