16 janeiro 2009

vai atrás


No seguimento deste post, a pergunta: como é que se pode avaliar se Portugal está a caminhar para o cenário descrito no post em que, juntamente com outros países - os PIGS -, se verá obrigado a abandonar o euro?

A resposta: observando a evolução dos spreads da dívida pública portuguesa relativamente à alemã. Pode chegar o momento que que os spreads atinjam níveis de tal modo elevados que se torna proibitivo para o Estado e os bancos portugueses financiarem-se nos mercados internacionais. Como Portugal, a sair do euro, dificilmente sairá sozinho, mais importante que o spread para Portugal são os spreads para Itália e, sobretudo, para Espanha. Cerca de 30% do comércio externo de Portugal é feito com a Espanha (com a Itália, apenas 6%). Se a Espanha sair do euro, Portugal vai atrás, sem margem para escolha.

A taxa de juro (yield) sobre a dívida pública alemã a dez anos, à cotação de hoje, é de 2.92%. Eis os spreads (isto é, o acréscimo à taxa de 2.92%) à qual se financiam alguns países da zona euro:

Grécia: +2.51%
Itália: +1.46%
Portugal: +1.26%
Espanha: +1.17%
Irlanda: +1.74%
Holanda: +0.68%
França: +0.51%
Bélgica: +1.00%
Finlândia: +0.51%
Austria: +0.87%

Neste gráfico, os spreads em Portugal e Espanha mais do que duplicaram nos últimos três meses e, nos últimos dias, têm subido acentuadamente, após a agência de rating Standard & Poor ter colocado ambos os países sob vigilância negativa.

No caso dos PIGS sairem do euro, existe uma probabilidade forte de que a Irlanda seja também arrastada.

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