16 dezembro 2008

à direita

À esquerda, à direita, ao centro, ou em lugar nenhum? Muito de acordo com as modas correntes e os relativismos mais frequentados, a direita de hoje tem escolhido a última daquelas quatro hipóteses. Curiosamente, a esquerda não seguiu o mesmo caminho. Nem depois da queda do Muro, nem perante a universalização do mercado semi-livre, nem após a falência dos seus mitos mais fortes, a esquerda deixou de ser esquerda e de se afirmar como tal. Apropriou-se, inclusivamente, de algumas das ideias mais caras à direita (algum mercado, um certo pessimismo perante o estado, etc.), reciclou-se e apresentou-se com roupagem nova ao recém descoberto mercado político. Como se tem visto um pouco por todo o mundo tem dado resultado. Em contrapartida, a direita, muito de acordo com a sua genética suicida, parece ter desistido de existir. Pior ainda, abandonou os seus valores estruturantes e esqueceu o que a distingue da esquerda. E isso, em política, é e será sempre o grande critério: o que nos une e distingue do inimigo. Eu diria que, malgré tout, a esquerda será sempre mais amiga do estado do que da sociedade, confiará sempre mais no colectivo do que no individual, preferirá sempre mais o intervencionismo do que o mercado, favorecerá o internacionalismo em desfavor do cosmopolitismo, beneficiará a decisão política sobre a decisão individual. A esquerda é, queira-o ou não, estatista, intervencionista e colectivista. Foi-o sempre e sempre o será. A direita só tem que ser individualista, liberal e cosmopolita. Embora não pareça, pelos exemplos dominantes, é fácil. Ou, pelo menos, é certamente mais fácil ser individualista, liberal e cosmopolita à direita do que à esquerda.

Sem comentários: