18 dezembro 2008

como castelos de cartas


O aumento de capital da CGD anunciado ontem pelo primeiro-ministro, no valor de mil milhões de euros, é o terceiro este ano. Juntando aos três aumentos de capital uma compra do Estado à CGD de acções da Refer e das Águas de Portugal realizada há poucos meses, e que teve o mesmo propósito - capitalizar a CGD - o Estado já injectou este ano na CGD cerca de dois mil milhões de euros.

A principal conclusão é a de que a CGD tem sido gerida ao longo dos últimos anos com a mesma prudência, ou falta dela, que a generalidade dos outros bancos e, não fosse um banco público de raiz, e já estaria nas mãos do Estado a esta hora. Aliás, a minha convicção é a de que a generalidade dos bancos portugueses, com a possível excepção do BES - o único que pertence a uma família de banqueiros genuínos - acabarão, mais cedo ou mais tarde, nas mãos do Estado para evitarem a insolvência.

A crise financeira, e a situação em que se encontram a generalidade dos bancos portugueses e estrangeiros, tem sido atribuída ao chamado risco sistémico. Esta é uma explicação conveniente para esconder aquilo que, na minha opinião, e na maior parte dos casos, foi uma monumental incompetência dos banqueiros. Que o sistema económico está sujeito a crises - daí advindo um risco sistémico - todos o sabem, e os banqueiros deviam sabê-lo em primeiro lugar. E, por isso, eles deveriam ter feito prova de prudência suficiente na gestão das suas instituições, poupando e constituindo reservas nos anos dourados para fazer face às dificuldades esperadas nos anos de crise.

Não o fizeram. Geriram os seus bancos como se não houvesse risco, como se a era da abundância tivesse chegado para sempre, como se cada ano tivesse que ser sempre melhor que o anterior,e o resultado está à vista. Em apenas três meses, quando a crise está ainda longe de conhecer o seu pior, muitos desses bastiões de confiança que são os bancos esfarelaram-se como castelos de cartas. Incompetência de gestão - e não mero risco sistémico - é o que é.

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