A crise religiosa depois da crise de autoridade é, na minha opinião, a segunda causa que consigo identificar do declínio da civilização ocidental.
As religiões são um pilar essencial das civilizações porque unem os indivíduos em torno de um desígnio comum (religare – unir). Um desígnio de longo prazo e transcendental que é superior a qualquer instituição mundana. A procura de Deus e da verdade.
Portugal conquistou um império, a dilatar a fé. As populações unidas por um desígnio superior não conhecem limites à sua capacidade e estão dispostas a assumir riscos e a fazer sacrifícios.
Como não sou de todo religioso, podem parecer cínicas estas minhas observações sobre a importância das religiões. Deixem-me então sublinhar o que considero serem as mais valias que as religiões (quase todas) aportam à nossa vida social.
São os conceitos de eternidade, de verdade e de sacrifício. Estes conceitos estão na base de todo o desenvolvimento (aliás são os únicos que nos distinguem das bestas). Permitem-nos pensar a longo prazo (após a nossa morte temporal) e investir no futuro (sacrificar os impulsos imediatos).
As democracias laicas têm vindo a minar o papel das religiões, sem que os seus líderes se apercebam que com isso também minam os alicerces civilizacionais e toda a nossa cultura.
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