02 novembro 2008

Estado da Nação


O BPN foi nacionalizado. O Banco de Portugal anunciou que vai exigir, aos bancos que sobram, rácios de solvabilidade mais altos, em particular um Tier 1 de 9%. E o Governo vai ajudar neste esforço de recapitalização através da tomada de participações sociais avaliadas em 4 mil milhões de euros pela aquisição de acções preferenciais, esquema idêntico ao que o Governo de Gordon Brown e ao que o Treasury de Paulson têm utilizado no Reino Unido e nos EUA. O Governo de Sócrates também anunciou que vai regularizar as dívidas do Estado às empresas portuguesas do sector privado, que representarão cerca de 2 mil milhões de euros.

De tudo o que foi anunciado, aplaudo a decisão do Banco de Portugal. Um passo na boa direcção, mas que tem ainda de ir mais além.

Quanto ao Governo, dadas as circunstâncias, não está a inventar a roda - o que é bom. Contudo, não deixa de ser espantoso como é que, só no último mês, o Governo "descobriu" que afinal tinha mais de 25 mil milhões de euros, cerca de 15% do PIB, para gastar em face de todos estes problemas da banca portuguesa. E como é que, subitamente, surgiu toda esta pressa em pagar as dívidas que o Estado tem perante as empresas do sector privado, sobretudo quando há pouco tempo foi o próprio Ministério das Finanças a afirmar que, comprovadamente, só existem em Portugal três credores do Estado!

A propósito, estas são as perguntas que Manuela Ferreira Leite, como líder da oposição, devia estar a fazer a todos os portugueses e ao Governo. Em vez de se engalfinhar nas discussões técnicas acerca do financiamento do TGV e afins ou de se perder nas críticas ao aumento do salário mínimo nacional, coisas que este fim de semana lhe deram direito ao artigo demolidor assinado no Expresso pelo ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - o "Karl Rove" do Engenheiro Sócrates.

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