As finanças são o meio económico de alocar recursos no tempo. Quando o Zé compra a sua casita, com a ajuda de um empréstimo bancário, o que está a fazer é utilizar, no presente, recursos de que só iria dispor no futuro. O banco empresta-lhe o dinheiro, no presente, desde que o Zé se comprometa a entregar-lhe uma parte dos seus rendimentos futuros.
Esta relação comercial, tão simples, implica desde logo que o Zé perde liberdade de acção. Tanta mais quanto menor for a liquidez do bem que adquiriu. Se apenas financiar 40 ou 50% do valor de mercado da sua habitação, o mais provável é que a possa vender em qualquer altura e portanto pagar ao banco e partir para outra. Contudo, se o financiamento for de 90 ou 100%, as oscilações de mercado podem fazer com que o valor da hipoteca se torne superior ao valor da casa e então não só o Zé fica entalado, como o banco deixa de ter uma garantia real (o crédito torna-se subprime).
Os jovens não devem comprar habitação própria. Se o fizerem perdem liberdade e mobilidade, o maior património da juventude. Aluguem casas, façam uma vaquinha com os amigos, dividam os custos, em último recurso fiquem um pouco mais com os pais. Agora comprometerem o futuro, por favor.
As ajudas que o Governo tem dado aos jovens para compra de habitação são um presente envenenado. Só um tolo iria por aí. Recordam-se de António Guterres se gabar de que durante o seu governo tinham surgido mais 700.000 novos proprietários? Estava-se a gabar de quê?
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