Um discussão nas caixas de comentários com o CN acerca do sistema financeiro, e a necessidade ou não da intervenção do Estado, designadamente através da existência de Bancos Centrais, fez-me recordar um episódio ocorrido em meados dos anos 90.
Eu tinha escrito vários artigos na imprensa defendendo um sistema monetário inteiramente privado e concorrencial com várias moedas emitidas em regime de concorrência por bancos emissores privados - um sistema, portanto, que retirava ao banco central o monopólio da emissão monetária e tornava o banco central uma instituição dispensável. (Este sistema já existira em Portugal até meados do século XIX e tinha em Alexandre Herculano um dos seus grandes defensores).
Aconteceu, então, que em meados dos anos 90 o Dr. Tavares Moreira terminou o seu mandato como Governador do Banco de Portugal. E, por razões que estão ainda hoje para além da minha compreensão, correu o rumor de que eu seria o próximo governador.
Um jornalista do JN telefonou-me então para casa e perguntou-me:
-É verdade que vai ser o próximo governador do Banco de Portugal?
-Quem, eu? Só se fôr para acabar com ele..., repondi.
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Eu penso hoje que o Estado tem um papel importante na regulação do sistema financeiro e que, sem ele, as crises financeiras seriam mais recorrentes. Igualmente importante é a função que o Estado tem de proteger os clientes, em vista do poder que as instituições financeiras possuem para os abusar.
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