O JN de hoje dedica uma página inteira à diminuição nas vendas de preservativos. Segundo os dados citados pelo jornal, em 2008 venderam-se em média 56 mil embalagens por mês - cerca de 10% menos que em 2007. Esta redução vem na sequência de outras semelhantes registadas desde 2004. Não pretendo com este post voltar a uma discussão antiga, entretida neste blogue, acerca da frequência com que os casais portugueses "resolvem". Preferia, sim, dar a minha opinião no sentido de tentar explicar esta redução na venda de preservativos. E a forma de a combater.
Primeiro, como todos os jovens da minha geração, que se iniciaram sexualmente na década de 90, também eu sempre me senti perseguido pelas campanhas de prevenção contra a Sida. De forma que, sempre que posso, procuro ler sobre os avanços da ciência no combate ao HIV. Do que leio, retiro a seguinte conclusão: a ciência está já bastante avançada e, hoje, já ninguém morre de Sida - apesar da notória perda de qualidade de vida e do estigma social, infelizmente, a ela associada. Os tratamentos são pagos pelo Estado e a doença está em vias de ser rotulada como crónica. Em certo sentido, as relações sexuais deixaram de ser uma arma de destruição maciça. Ainda bem!
Segundo, o preço. Sempre me pareceu que cada embalagem de preservativos é muito cara. Nas farmácias, o preço médio por unidade anda perto de um euro. É claro que podemos sempre ir ao supermercado e comprar uma marca de qualidade inferior, mas nesse caso, o nosso tuga arrisca-se a que a coisa rebente a qualquer momento. O preço que se paga por um preservativo de qualidade parece-me excessivo. Além disso, se realmente queremos valorizar a prevenção - sim, porque a abstinência é uma patetice - o Estado podia antes subsidiar a compra dos preservativos. Provavelmente, teria um valor simbólico e, como contrapartida para o Estado, permitir-lhe-ia poupar todos os meses algumas centenas de milhares de euros nos tratamentos com doentes infectados.
Terceiro, e mais importante, o cheiro! Palavra. Não estou a gozar. Na minha opinião, o que mais afasta os portugueses dos preservativos, em particular os homens, é o cheiro da coisa - do preservativo entenda-se. É que já não bastava ter de interromper o processo, com todas as peripécias que podem acontecer pelo meio incluindo vestir o fato borracha ao contrário ou deixar que a miúda arrefeça, como ainda temos de aturar o maldito odor. E não vale a pena comprar preservativos com sabores que cheira sempre tudo ao mesmo: LATEX. É um problema porque o cheiro a Latex é das sensações menos excitantes que podem existir. E é um duplo problema porque aquela porcaria emprenha-se por tudo o que é sítio - na roupa, nos lençóis, nas mãos.
Por isso, a minha sugestão é muito simples: um avultado prémio monetário para o primeiro investigador que consiga chegar a um material alternativo ao Latex! Talvez assim, com "fatos borracha" feitos de outro material qualquer, mais bem cheiroso, se consigam vender mais preservativos. Em Portugal e em todo o mundo.
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