28 junho 2008

Cruelas à solta



Capítulo IX
Democracia nas Organizações

"Em todas as empresas se sabe que a motivação dos trabalhadores é essencial para os seus bons resultados (...)
(...)
O filme O Diabo veste Prada não nos disse pessoalmente nada em quase nada. Sofremos - devemos confessá-lo - para o ver até ao fim. Mas numa coisa teve imenso interesse: pela figura de Miranda Pristley, a editora de uma grande revista de moda (já era a Cruela Devil do filme dos dálmatas) e a sua relação comn as suas secretárias e tutti quanti .

Trata-se de um desses dragões obcecados pelo trabalho (...)
(...)
Paradoxalmente, demasiadas pessoas destas pontificam e comandam, mesmo num mundo democrático, ao nível das superestruturas (...)

Temos de ter cuidado , colectivamente, com as pessoas e os valores que celebramos. (...)
(...)
O risco de uma tirania subtil dos capatazes é efectivo. E quando, como Miranda, reclamarem o impossível de um funcionário, como (no caso) o original manuscrito do novo romance inédito de Harry Potter, que fazer? Com o mercado a funcionar, haveria que fazer engolir essa ordem à tirana e bater-lhe com a porta na cara. Mas, e se o mercado só tem Cruelas à solta? Aí o Estado tem que intervir, promovendo a democracia empresarial e das organizações em geral (...)
A dignidade dos trabalhadores - todos - é também a dignidade de uma comunidade. (...)"
(Paulo Ferreira de Cunha, Direito Constitucional Aplicado, op. cit., pp. 106-8)

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