Tenho pouca pachorra para filmes de recorte esotérico, construídos por sucessivas sugestões inconclusivas (naturalmente, por não poderem ser concluídas), e que deixam os basbaques de bocarra escancarada a dissertar sobre as profundezas da alma e o sentido do mundo e da vida. Somados e espremidos, não representam mais do que um punhado de banalidades embrulhados em papel de fantasia mais ou menos rasca conforme o realizador, ou são auto-retratos dos deploráveis estados psiquiátricos em que se encontram os seus autores, como sucede com David Lynch, pelo menos desde Lost Highway. Um filme, para ser competente, sério e honesto, deve contar uma história com princípio, meio e fim. O cinema é uma indústria, uma indústria de entretimento, e não propriamente um laboratório de alquimia de Fulcanellis de trazer por casa, ou o consultório do eminente prof. Bambo. Curiosamente, ando ao contrário do mundo: quanto mais acho um filme cabotino, mais a crítica o aplaude; quanto mais me irrita e me parece insuportável, mais estrelinhas lhe dão os críticos do Expresso. O problema é seguramente meu.
Esta verborreia cinéfila veio-me na sequência de ter ido ontem ver o último filme de Coppola, Youth Without Youth, feito a partir de um conto homónimo de Mircea Eliade, o famoso romeno especialista na história das religiões, em ocultismo, mitologia, simbolismo e noutras coisas que dificilmente se conseguem transpor decentemente para o cinema. O filme, que se resume a uma massacrante dissertação sobre a morte, apesar de ter momentos com algum interesse, é desconexo e chato. Contradiz a tendência geral da obra de Coppola, que acho o melhor realizador de cinema de sempre, e entronca no muito celebrado One from the Heart, salvo melhor opinião, outro intragável pastelão da sua autoria. Parece que Coppola está já a realizar um novo filme. Esperemos para ver o que sai, e desejemos que não volte a insistir neste género de secas, que indiciam uma evidente senilidade cinéfila, sob pena de o trocarmos definitivamente pela nariguda da filha.
Esta verborreia cinéfila veio-me na sequência de ter ido ontem ver o último filme de Coppola, Youth Without Youth, feito a partir de um conto homónimo de Mircea Eliade, o famoso romeno especialista na história das religiões, em ocultismo, mitologia, simbolismo e noutras coisas que dificilmente se conseguem transpor decentemente para o cinema. O filme, que se resume a uma massacrante dissertação sobre a morte, apesar de ter momentos com algum interesse, é desconexo e chato. Contradiz a tendência geral da obra de Coppola, que acho o melhor realizador de cinema de sempre, e entronca no muito celebrado One from the Heart, salvo melhor opinião, outro intragável pastelão da sua autoria. Parece que Coppola está já a realizar um novo filme. Esperemos para ver o que sai, e desejemos que não volte a insistir neste género de secas, que indiciam uma evidente senilidade cinéfila, sob pena de o trocarmos definitivamente pela nariguda da filha.
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