A recente troca de palavras entre Miguel Cadilhe e o ministro das Finanças Teixeira dos Santos é uma polémica à portuguesa. Tudo começa em matérias de facto – a substância da discussão. E, depois, incendeia-se o debate com questões de forma. Nesse aspecto, Miguel Cadilhe é um mestre. Por aquilo que li nos jornais, Cadilhe fez uso de diversos conceitos. Mencionou o termo “PIB” ao qual juntou a expressão “produto real contra o produto potencial” (Diário Económico de hoje, pág. 11). E concluiu que Portugal está numa grave recessão há vários anos. Por seu turno, Teixeira dos Santos afirmou que a opinião de Cadilhe é “alarmista”, “gratuita” e que carece de “fundamentação técnica”. Afinal de contas, recordou o ministro, uma recessão caracteriza-se por dois trimestres consecutivos de crescimento negativo. Ora, Portugal está a crescer a 1,8% - de acordo com os últimos números avançados pelo governo.
Posto isto, devo dizer que, embora Teixeira dos Santos esteja tecnicamente correcto, tenho bastante simpatia pela opinião de Miguel Cadilhe. A sua afirmação reflecte a realidade que as famílias portuguesas sentem genericamente. De facto, o fraco crescimento registado em Portugal não é suficiente para acomodar a taxa de inflação que por cá se sente. É, aliás, por essa razão que alguns países defendem hoje que o conceito académico de “recessão” deveria ser revisto, de modo a contemplar também a evolução dos preços. Em muitos países, por exemplo nos Estados Unidos, defende-se que qualquer crescimento do PIB abaixo de 2% constitui, na prática, recessão. Ou seja, Cadilhe teve razão na substância dos argumentos, mas mais uma vez falhou na forma da comunicação. Aquele enrolar de termos técnicos inviabilizou a compreensão da sua mensagem, o que em Portugal é fatal. Se eu fosse seu assessor, ter-lhe-ia sugerido um guião para evitar as armadilhas de expressão nas quais cai repetidamente. Porque, nessa matéria, este governo não perdoa.
Posto isto, devo dizer que, embora Teixeira dos Santos esteja tecnicamente correcto, tenho bastante simpatia pela opinião de Miguel Cadilhe. A sua afirmação reflecte a realidade que as famílias portuguesas sentem genericamente. De facto, o fraco crescimento registado em Portugal não é suficiente para acomodar a taxa de inflação que por cá se sente. É, aliás, por essa razão que alguns países defendem hoje que o conceito académico de “recessão” deveria ser revisto, de modo a contemplar também a evolução dos preços. Em muitos países, por exemplo nos Estados Unidos, defende-se que qualquer crescimento do PIB abaixo de 2% constitui, na prática, recessão. Ou seja, Cadilhe teve razão na substância dos argumentos, mas mais uma vez falhou na forma da comunicação. Aquele enrolar de termos técnicos inviabilizou a compreensão da sua mensagem, o que em Portugal é fatal. Se eu fosse seu assessor, ter-lhe-ia sugerido um guião para evitar as armadilhas de expressão nas quais cai repetidamente. Porque, nessa matéria, este governo não perdoa.
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