No seu livro “The Examined Life”, Robert Nozick dedica todo um capítulo ao Holocausto. O genocídio de dois terços dos judeus europeus é um acontecimento tão grave que ainda não nos é possível avaliar completamente o seu significado:
“I believe the Holocaust is an event like the Fall in the way traditional Christianity conceived it, something that radically and drastically alters the situation and status of humanity.”
“I do not claim to understand the full significance of this, but there is one piece, I think: It now would not be a special tragedy if the humankind ended. Humanity has lost its claim to continue.”
Nozick alerta-nos para o valor simbólico do Holocausto enquanto representação colectiva da predisposição humana para a prática do mal e neste caso de uma espécie de Mal Absoluto. Ora poderá uma espécie animal, com esta predisposição para o Mal, aspirar a um estatuto de superioridade sobre qualquer outra espécie?
Esta interpretação de Nozick interessou-me porque nunca tinha reflectido sobre o Holocausto enquanto arquétipo do mal. Apenas me limitava a tentar compreender os factos históricos. É porém razoável aceitar que na cultura ocidental o Holocausto, pela sua mediatização, possa ter adquirido esse estatuto.
Já relativamente à dedução de Nozick de que com o Holocausto a humanidade perdeu qualquer direito à continuidade, discordo. O homo sapiens não pode pressupor quaisquer direitos preconcebidos sobre o universo em que vivemos. Outras espécies de hominídeos compartilharam este planeta connosco e desapareceram, como por exemplo os Neandertais.
A luta da nossa espécie pela eternidade deve ser um esforço diário e partir do pressuposto que nada está garantido. O simbolismo do Holocausto serve porém para compreendermos os perigos que nos ameaçam.
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