18 março 2008

E esta heim?!


Cá estou eu de regresso depois de um dia agitado nas bolsas. Os mercados estão muito voláteis e a emoção está a ter precedência sobre a razão. Ontem, a notícia relativa à venda da Bear Stearns a 2 dólares por acção – quando na 6ª feira tinha fechado a 30 – reflectiu a necessidade de reavaliar os fundamentais de todo o sector bancário. As bolsas abriram em forte queda e, no final, vários títulos da banca registavam forte desvalorização, embora durante a sessão a coisa tenha estado bem pior. Especula-se que a próxima maçã podre a cair será a Lehman Brothers, mas não acredito. A Bear Stearns, apesar de todos os seus problemas intrínsecos, caiu devido a ódios e contas antigas que já vinham de 1998 – ano em que a Bear Stearns se recusou, ao contrário de todos os outros, a participar no consórcio que salvou o célebre LTCM.

A minha perspectiva sobre a conjuntura actual diz-me o seguinte: os vendedores estão a secar, mas os compradores continuam com medo. O dólar em queda é o principal factor de instabilidade e se a tendência se mantiver o medo regressará em força aos mercados accionistas contribuindo para acentuar a emoção em detrimento da razão. Neste momento, dado o factor medo, não faz sentido falar em mercado sub avaliado. Deve-se, sim, falar em mercado sub ou sobre vendido, com a noção de que, neste aspecto, os mercados vão sempre até níveis exacerbados. Portanto, o mais importante é procurar o factor decisivo no desencadear do tal medo. É o dólar em queda. Assim, a reunião do FED, logo à tarde, poderá dar sinais importantes. Espera-se uma redução de 75pb. Contudo, o “whisper number” é 100 pb.

Se o FED reduzir em 100pb, sinal de grande preocupação, é provável que o Euro teste o novo máximo de 1,5904 atingido ontem. É também provável que não pare nesse valor e que vá para cima de 1,60. Os mercados accionistas deverão reagir em baixa a novos mínimos no dólar. E assim continuarão enquanto não surgir a tal intervenção cambial concertada para defender o dólar e que, de uma vez por todas, sinalize com clareza que basta! Nessa altura, o medo deixará de ter razão de ser. Em alternativa, o FED pode tentar uma outra solução: não reduzir a taxa de juro logo à tarde. Dólar imediatamente para cima e, enfim, o tal sinal de confiança pelo qual todos anseiam. Era bem capaz de funcionar. Era de mestre!

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