Avaliar os pais não vai ser tarefa fácil. Que critérios utilizar? E que classificação dar aos pais que, por terem sido vítimas de infortúnio, não têm as condições familiares ou económicas ideais para propiciarem aos filhos uma boa educação?
Um lar tradicional, com pai e mãe esforçados e limpinhos não pode contar. Há as novas famílias e as famílias de afecto ou de acolhimento que não podem só por isso ter negativa. Temos ainda, na sociedade multicultural, tolerante e moderna em que Portugal se tornou, nichos culturais poligâmicos, casamentos contratados, etc., que dão rebentos que temos de assimilar sem quaisquer preconceitos.
Também seria injusto que as condições económicas contassem para qualquer tipo de avaliação. Tirando alguns libertários radicais, ninguém apoiaria este tipo de discriminação. Um pobre pode oferecer aos filhos tão boas condições como um rico, nesta Europa social, porque o Estado encarrega-se de tirar aos ricos, os meios que estes tinham para criar os seus próprios filhos, para pagar a criação dos que tiveram filhos sem meios.
Critérios como a escolha de escolas ou centros de actividades, por favor, todos sabemos que verdadeiramente não há qualquer escolha e portanto nicles.
Não se esgotam, porém, aqui os meios de avaliação. Sobram muitos índices importantes. O envolvimento dos pais nas actividades escolares, por exemplo. Muitos pais não comparecem nos eventos que as escolas realizam a meio da manhã ou da tarde, alegando que estão a trabalhar. Um País com futuro não pode ficar refém do trabalho, a educação é mais importante.
A humildade é outro índice importante. Muitos pais não reconhecem a sua incapacidade para lidar com a rebeldia juvenil e persistem na utilização de técnicas de tortura medievais, como o bofetão ou a suspensão da mesada, como resposta a comportamentos desviantes. O recurso a psicólogos, assistentes sociais e até astrólogos, deve ser valorizado.
Eventualmente será possível criar uma grelha de avaliação e dar notas aos pais. Os que tiverem notas positivas poderão receber incentivos da SS (Segurança Social). Os que tiverem notas negativas receberão apenas um bónus para terem mais filhos e poderem melhorar a sua performance. Uma espécie de segunda chamada, indispensável numa sociedade solidária.
Como vêem não é fácil avaliar os pais, mas é possível. É praticamente a mesma dificuldade que existe na avaliação dos professores. Quando tudo estiver a funcionar veremos o resultado. O pior que pode acontecer é que o sistema classifique os melhores como piores e os piores como melhores, mas até isso será um avanço no processo de avaliação porque obriga os melhores a serem humildes e é um estímulo para que os piores melhorem. Fica portanto demonstrado que qualquer avaliação é melhor do que nada, como o Governo tem vindo a afirmar.
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