Manuel Delgado, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, rejubilava hoje aos microfones da comunicação social com a decisão do governo de mudar a gestão, até aqui privada, do Hospital Amadora-Sintra, para a Entidade Pública Empresarial, isto é, para a gestão pública. Pertencendo o hospital à, como referiu, «coisa pública», não podia ser objecto de gestão privada. É óbvio.
O cuidado de Delgado com a «coisa pública» é verdadeiramente enternecedor. Para ele, a dita coisa não pode ficar dependente da sordidez da cobiça privada. Se a coisa é pública, tem que ser generosa e dada. Não se pode remeter ao recato da privacidade. Tem que entregar-se à volúpia afectuosa de quem a sabe tratar com competência. De quem entra e sai e circula pelas ainda muitas coisas públicas deste País com frémito vigoroso, num inacabável êxtase de serviço público, pela coisa pública e contra a coisa privada. De uma legião de servidores dedicados e abnegados a essa sublime coisa. A «coisa pública», claro está. Como ninguém, eles estimam a coisa, tratam da coisa, protegem a coisa. Com esmero e devoção, como se a coisa fosse deles, fazem da coisa o que bem lhes apetece. Bem-hajam, pois então, por tanta generosidade.
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