Ao activismo do FED contrapõe-se o que eu designaria por belle indifférence do BCE. A economia Europeia está a crescer a menos de 2% ao ano, as exportações para os EUA estão a diminuir, o consumo está em retracção e os governadores do BCE permanecem num estado de abulia mental e de indiferença que evoca um quadro psiquiátrico chamado belle indifférence. Uma denominação tão clara que não necessita de mais descrições.
A razão de ser deste comportamento é o problema da inflação que, nos actuais 3%, está muito acima da meta de 2% imposta ao BCE. Na teoria económica clássica, as taxas de juro elevadas diminuem a procura de bens e serviços e debelam tendências inflacionistas e daí a postura do BCE.
O problema é que grande parte desta inflação é importada e deve-se ao aumento das matérias-primas nos mercados globais. Deste modo, a política monetária do BCE não afectará significativamente a inflação, mas deixará os europeus com a corda na garganta. Tendo agora que suportar, para além da inflação, um crédito dispendioso para as empresas e para muitas famílias. Se isto não é uma receita para a estagflação não sei o que é.
Todas as teoria económicas são delineadas para o estudo de situações similares ou comparáveis – ceteris paribus. A actual situação económica da Europa não é porém comparável à do passado devido ao fenómeno da globalização. Os governadores do BCE podem resumir-se a um papel passivo, face às actuais circunstâncias económicas, mas a factura por este comportamento irá certamente chegar a todos os países do Euro.
Sem comentários:
Enviar um comentário