01 março 2008

日本国

O sincretismo é uma das características essenciais da vida religiosa japonesa. Consiste na adopção de rituais e práticas de diferentes religiões, de acordo com a tradição e a oportunidade. Um japonês, por exemplo, pode fazer uma peregrinação a um local sagrado do shintoísmo, baptizar os filhos na igreja católica e frequentar um templo budista.

O shintoísmo é uma religião originária do Japão. Talvez a possa definir como um naturalismo politeísta, com lugares de culto ancestrais e divindades como o sol ou as árvores. Fascina-me o facto do shintoísmo não ter livros sagrados, nem profetas (da graça ou da desgraça), nem dogmas. É um meio extraordinário de canalizar as energias do instinto religioso, sem prejudicar ninguém.

O budismo é outra religião popular no Japão, em particular o Budismo Zen. Nos anos setenta o Zen foi bastante popular na Europa, como elemento da cultura pop. O budismo estimula a meditação e a procura pessoal da virtude através da libertação dos desejos carnais. O Zen rejeita quaisquer escrituras ou discussões retóricas sobre religião que distraem o individuo na sua busca de perfeição.

O catolicismo também está representado no Japão e cabe aos portugueses a honra da primeira missão católica, desenvolvida por São Francisco Xavier. Os japoneses adoram os rituais elaborados da igreja católica, em particular para casamentos. Daí que muitos escolham casar pela igreja, apesar de continuarem a praticar um pouco de cada uma das outras religiões.

Esta abordagem das religiões agrada-me profundamente. Há um teísmo aceite sem dogmas e um respeito por diferentes crenças e tradições. Que inferências poderemos tirar para Portugal?

O respeito pela liberdade religiosa. O respeito pelas tradições, o que entre nós significa o respeito pelas tradições e ensinamentos da igreja católica. Em simultâneo, o respeito pelos outros cultos praticados no País. A rejeição do espírito dogmático e, em particular, a rejeição do ateísmo (outro dogma!) que, quanto a mim, mina a alma humana e nos remete para a bestialidade.

Temos muito a aprender com um povo tão inteligente como os Japoneses!

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