Os instintos são comportamentos inatos que são desencadeados por determinados estímulos. Nos animais inferiores os instintos provocam comportamentos automatizados e repetitivos que não ocorrem na espécie humana. Connosco os instintos reduzem-se a fortes motivações para certos comportamentos como o sexo e a agressão (as forças de Eros e Tanatos). No seu conjunto estas forças que motivam o nosso comportamento e que são bastante estáveis caracterizam o que se designa por natureza humana.
Um elemento fundamental para compreender o papel dos instintos é saber que são o resultado de um processo evolutivo que conferiu uma vantagem competitiva aos indivíduos que os desenvolveram, dentro de cada espécie. O instinto sexual, por exemplo, é tão forte em todos nós porque só deixaram descendência os indivíduos que se reproduziram. Os portadores de um instinto sexual fraco extinguiram-se.
O instinto religioso é uma tendência natural para o divino, para a eternidade e para a verdade. É um instinto gregário que une os indivíduos em sociedade (religião etimologicamente significa unir) e que, na minha opinião, está também relacionado com o altruísmo. Os estímulos que desencadeiam emoções religiosas são bem conhecidos. A música, a arte sacra, certos elementos de arquitectura e até fenómenos naturais como o simples nascer do sol. A paixão sexual não deixa também de envolver elementos de natureza religiosa e justificadamente porque a nossa descendência é o passaporte para a eternidade. O estudo da génese e do papel dos instintos obriga-nos a pensar que a prevalência do instinto religioso tem de estar associada a vantagens para a nossa espécie.
O meu enfado com o laicismo (enquanto doutrina filosófica) é por este levar a fenómenos de recalcamento e até de transferência que induzem perversões e comportamentos anómalos. Procurarei dar alguns exemplos desse tipo de comportamentos noutros posts. São perversões que afectam opções politicas, cívicas e até pessoais e que por conterem elementos de fé não são passíveis de conversão. O Marxismo, com a sua promessa de um paraíso na terra, talvez seja o exemplo mais flagrante.
Seria desejável uma educação religiosa nas escolas para ajudar os infantes a lidar com as suas pulsões religiosas, a exemplo do que se passa com a educação sexual. Desconfio, porém, que os maiores defensores da educação sexual nas escolas seriam os primeiros a oporem-se ferozmente a qualquer educação religiosa. O laicismo tem destas coisas!
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