13 fevereiro 2008

Se todos fizerem a sua parte


O Jornal de Negócios publica, hoje, uma excelente peça de reportagem acerca das diferentes taxas de juro cobradas em Portugal em função dos vários tipos de empréstimos praticados pela banca e sociedades financeiras. Os dados não auguram nada de bom para a economia nacional. Na verdade, indiciam famílias afogadas em dívidas, poupança reduzida e, ao mesmo tempo, fortes entraves ao espírito empreendedor que se pretende ver implantado no nosso país.

Em Novembro de 2007, o crédito ao consumo cresceu em Portugal mais de 20% face ao período homólogo. Os portugueses continuam a endividar-se para alimentar os seus ímpetos consumistas. E, assim se compreende que seja, precisamente, no crédito ao consumo que os bancos portugueses estejam a ganhar dinheiro. Muito, acrescente-se. Neste segmento, a taxa média praticada em Portugal é muito superior à da zona Euro. Em média, cobra-se em Portugal uma taxa de juro de 11,8% no crédito ao consumo. Um valor formidável se comparado com a taxa média de 6,9% praticada na zona Euro.

Ao invés, o crédito ao investimento dificilmente poderá arrancar nas circunstâncias actuais. O JdN analisou as condições exigidas para empréstimos até um milhão de Euros e concluiu que, em média, a taxa de juro em Portugal no crédito às empresas é de 7,3%. É, aliás, a mais alta de toda a Europa. Nos restantes países da zona Euro, a taxa média é de 6,1%. A pergunta que fica no ar é: como se pode estimular a inovação se os “donos do dinheiro” não querem ter nada a ver com o assunto? A resposta é simples: dificilmente. Na realidade, se alguém tem ideias novas, o melhor a fazer é meter-se no avião e ir vendê-las a Londres. Porque cá, provavelmente, vai bater com o nariz na porta.

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