A decisão de ontem do Banco Central Europeu – no sentido de manter o actual nível da taxa de juro – foi em linha com o esperado. Já o comunicado foi mais ligeiro do que se pensava. Segundo a generalidade dos observadores, o presidente Jean Claude Trichet, ao afirmar que os riscos sobre o crescimento são de baixa, deu a entender que na próxima reunião poderá existir uma descida da taxa directora. Ora, há algumas semanas que venho batalhando na seguinte ideia: uma crise de crédito malparado – o “subprime” – não se combate incentivando ou facilitando novas linhas de crédito, seja através de injecções monetárias ou via redução da taxa de juro. Portanto, acredito que ontem Trichet fez bem em manter a taxa directora no nível actual. Mas que fez mal ao falar de mais. Pôs-se a jeito.
O mandato do Banco Central Europeu é claro: o único objectivo é o combate à inflação, que como se sabe está oficialmente acima do limiar de 2% preconizado pelo conselho de governadores. Oficiosamente, a inflação está ainda mais alta, sobretudo agora que o preço das matérias primas agrícolas também disparou em flecha – ainda ontem a manchete do jornal “Público” dizia respeito à subida do preço do trigo. Não é pois de estranhar que algumas estimativas indiquem que a inflação associada ao cabaz de compras relevante para a maioria da população se encontre a crescer a 4% ao ano. Eu arrisco um número ainda superior: 8%. Contas feitas, a inflação – o único inimigo do BCE – está ao virar da esquina. Trichet não pode, por isso, virar-lhe as costas, caso contrário, poderá ser alvejado à queima roupa.
O discurso de Trichet foi infeliz. Por três razões. Primeiro, por ter utilizado a expressão “riscos sobre o crescimento” – algo que não faz parte do seu mandato. Segundo, deu esperança ao mercado accionista e tornou-se refém dos investidores. Terceiro, porque se realmente vier a descer a taxa de juro mais valia tê-lo feito já. É que quando se descem as taxas de juro, ao contrário de quando se as sobe, não é preciso criar expectativas. Infelizmente, foi isso que Trichet fez ontem e meteu-se num grande buraco. Agora precisa de um golpe de sorte. Necessita da ajuda do FED, que tanto criticou recentemente, e de que os mercados accionistas norte-americanos comecem a subir levando consigo os seus congéneres europeus. Porque se os mercados europeus voltarem a cair desalmadamente, Trichet terá mesmo de baixar as taxas de juro. Apesar de não existirem argumentos técnicos que o justifiquem – a inflação elevada persiste e o crédito malparado não se cura com mais crédito.
O mandato do Banco Central Europeu é claro: o único objectivo é o combate à inflação, que como se sabe está oficialmente acima do limiar de 2% preconizado pelo conselho de governadores. Oficiosamente, a inflação está ainda mais alta, sobretudo agora que o preço das matérias primas agrícolas também disparou em flecha – ainda ontem a manchete do jornal “Público” dizia respeito à subida do preço do trigo. Não é pois de estranhar que algumas estimativas indiquem que a inflação associada ao cabaz de compras relevante para a maioria da população se encontre a crescer a 4% ao ano. Eu arrisco um número ainda superior: 8%. Contas feitas, a inflação – o único inimigo do BCE – está ao virar da esquina. Trichet não pode, por isso, virar-lhe as costas, caso contrário, poderá ser alvejado à queima roupa.
O discurso de Trichet foi infeliz. Por três razões. Primeiro, por ter utilizado a expressão “riscos sobre o crescimento” – algo que não faz parte do seu mandato. Segundo, deu esperança ao mercado accionista e tornou-se refém dos investidores. Terceiro, porque se realmente vier a descer a taxa de juro mais valia tê-lo feito já. É que quando se descem as taxas de juro, ao contrário de quando se as sobe, não é preciso criar expectativas. Infelizmente, foi isso que Trichet fez ontem e meteu-se num grande buraco. Agora precisa de um golpe de sorte. Necessita da ajuda do FED, que tanto criticou recentemente, e de que os mercados accionistas norte-americanos comecem a subir levando consigo os seus congéneres europeus. Porque se os mercados europeus voltarem a cair desalmadamente, Trichet terá mesmo de baixar as taxas de juro. Apesar de não existirem argumentos técnicos que o justifiquem – a inflação elevada persiste e o crédito malparado não se cura com mais crédito.
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