07 fevereiro 2008

"Que maravilhoso mundo novo, este em que nós vivemos"



A frase já foi repetida milhares de vezes em diferentes épocas da nossa história. Foi o que terá pensado Vasco da Gama quando descobriu o caminho marítimo para a Índia. Ou o que terá exclamado o brasileiro Alberto Santos Dumond quando colocou o primeiro avião a voar. E eu, dei por mim a pensar no mesmo quando há uns minutos atrás, a bordo do Alfa pendular rumo ao Porto, me liguei à net e decidi escrever o primeiro do que antecipo que venham a ser muitos posts “móveis”.

Ainda esta semana a empresa francesa Alstom divulgou o seu novo veículo ferroviário de alta velocidade – o “Automotrice Grande Vitesse” (AGV). O novo comboio pode atingir uma velocidade máxima de 360 km/h. É o último grito em tecnologia, produzido em 98% a partir de matérias recicláveis e que permite uma poupança energética de 15% face ao seu antecessor. Pode operar com 7 ou com 14 carruagens. E tem uma lotação que pode variar entre 250 e 650 passageiros. Cada AGV custa 60 milhões de Euros, o que não impede que as encomendas já se façam sentir. Só a operadora italiana NTV já encomendou 25.

A situação económica em Portugal caracteriza-se pelo afunilamento do país em redor da Grande Lisboa. Não se trata de nenhum preconceito deste vosso regionalista confesso – as estatísticas europeias são claras. De acordo com o Eurostat, na região Norte de Portugal (definida pela União Europeia como a região acima do Douro até a fronteira com Espanha, a norte e a leste) o PIB per capita é 59% da média europeia. Na região da Grande Lisboa, o PIB per capita é 105% da média europeia. As diferenças são avassaladoras e, na minha opinião, vão agravar-se. Os centros de decisão, políticos e empresariais, estão em Lisboa e por lá vão permanecer. As diferenças salariais – na ordem dos 30% - também.

Por isso, prevejo que, quando também por cá tivermos o AGV, muitos portuenses como eu deslocar-se-ão diariamente para Lisboa e regressarão ao final do dia. Aliás, caso esta tendência centralizadora persista em Portugal, arrisco até que o Porto se tornará um novo dormitório de Lisboa. E que eu escreverei para este blogue enquanto viajo a 360 kms à hora. Vivemos tempos fantásticos!

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