A sociobiologia é uma ciência maldita e seu fundador, Edward O. Willson, tem sido vilipendiado e acusado de tudo e mais alguma coisa pelos seus críticos por ter tentado ligar alguns aspectos do comportamento humano aos genes.
O verniz estalou em relação ao problema da agressividade. Para a sociobiologia a agressividade humana poderá estar mais dependente da biologia do que do ambiente social e da educação recebida. Ora esta hipótese é anátema, tanto para a extrema esquerda como para a extrema direita. Para a extrema esquerda porque Wilson põe em causa os projectos de engenharia social e de construção de um “mundo melhor” que os seus apóstolos tanto adoram e para a extrema direita porque Wilson, de algum modo, parece justificar alguns comportamentos que a direita considera desviantes.
À luz da razão, porém, as teorias de Wilson não ofendem e nem sequer surpreendem. Todos conhecemos famílias de génios, como os Mozart, e estamos prontos a aceitar sem quaisquer reservas que a descendência humana pode herdar os talentos dos progenitores. Ora pela mesma lógica deveríamos aceitar despreocupadamente que os descendentes também podem herdar tendências para comportamentos menos sociáveis.
A genética comportamental é outra disciplina problemática. Não se apoia tanto nas teorias da evolução, como a sociobiologia e a psicologia da evolução, mas estuda directamente a correlação entre a presença de certos genes e determinados comportamentos. À luz da genética sabe-se que a criatividade, a extroversão e a agressividade estão dependentes dos genes em 45 a 75% da sua expressão.
Os estudos com gémeos idênticos, educados separadamente, tem permitido até ir mais longe e determinar que muitos outros aspectos do nosso comportamento também estão ligados aos genes. A sexualidade, a religiosidade, preferências politicas, etc. Estamos só no começo!
A violência das criticas a Edward O. Wilson, que no velho paradigma seriam vulgarmente atribuídas a “maus fígados”, talvez se fiquem então a dever apenas a “maus genes”!
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