28 fevereiro 2008

the final frontier

Porquê o mundo? Porque não nada? Esta é a pergunta que nos leva a Deus. Ao contrário de Bertrand Russell e até de Ayn Rand, penso que a simples afirmação de que "o mundo é porque é" (Russell) ou que a "existência dos existentes é um princípio absoluto" (Rand) é cientificamente, já para não dizer filosoficamente, insustentável.

Designemos o universo que conhecemos por W. O determinismo materialista é incompatível com a emergência espontânea de W e portanto é um imperativo lógico-dedutivo conceptualizar a existência de D, um existente exterior a W e que o originou. D deve conter em si a razão da sua própria existência porque não pode ser nada, não pode fazer parte de W e não pode interferir em W porque lhe é exterior. Contudo D está projectado em tudo, enquanto origem de W. D terá de ser a essência da existência, fora do tempo e do espaço. Ainda a existência de D é uma verdade absoluta, porque a sua existência decorre, por necessidade, da existência de W.

Se D corresponder a Deus e se chamarmos Criação ao processo que originou o universo W, obtemos o Deus da razão: O Deus que criou o universo.

Como nunca me interessei muito por temas religiosos, subestimei sempre a necessidade do conceito de Deus, até compreender que Ele encerra princípios filosóficos que eu considero fundamentais. A afirmação da existência de um mundo exterior à consciência (contrariamente a certos idealismos), a afirmação da eternidade (enquanto continuidade) e a afirmação da verdade (pelo menos a verdade da existência de Deus). Este teísmo está sujeito à causalidade científica e valida a filosofia enquanto busca permanente da verdade. Justifica ainda o livre arbítrio e a liberdade humana, como tentarei demonstrar.

Esta abordagem racionalista da metafísica opõe-se, por exemplo, ao ateísmo de Dawkins. Como seres de W, nada podemos conhecer sobre D. Daí que muitos teólogos tenham afirmado que aos homens é permitido apenas saber o que Deus não é, e não o que Deus é. Colocar uma pedra sobre a pergunta: Porquê o mundo, ou pensarmos que a resposta está ao alcance de métodos experimentais é falta de imaginação e num post anterior eu chamei-lhe crendice.

A afirmação "Deus existe", segundo Aquino é tautológica porque Deus e existência são uma e a mesma coisa.

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