Na sequência de um dos meus últimos posts, o Modernista perguntou-me: “Qual é a opinião do R Arroja sobre o estado do sector financeiro português? A minha resposta é: assim assim. Em Portugal, a banca apresenta aspectos muito positivos, em particular, a integração de plataformas informáticas que facilitam, e muito, a vida ao cliente. Hoje, qualquer cliente da banca pode realizar, através da internet e da rede Multibanco, uma série de operações para as quais, antigamente, eram necessárias várias horas de espera em intermináveis filas nas dependências bancárias. Recordo-me dos tempos, há coisa de 10 anos atrás, em que uma ida ao banco correspondia a uma deslocação ao inferno. Dezenas de pessoas à espera. Ruído. Fumo. Enfim, ainda bem que tudo mudou – para melhor. Depois, a própria interligação que, actualmente, existe entre empresas e bancos permite também que a generalidade dos pagamentos de serviços possa ser realizada de forma instantânea.
Por outro lado, há aspectos que me chocam profundamente. Acima de todos, a falta de preparação dos recursos humanos, em particular os funcionários que hoje têm entre 35 e 50 anos de idade. Recentemente, tive acesso a dados do sector de “Private Banking” e observei o rol infindável de funcionários, alguns pagos a peso de ouro, que não têm formação superior. Na realidade, é nas vendas que se encontram os maiores embustes do sector. Ainda no outro dia, a bordo do Alfa, num lugar próximo do meu, um comercial da banca tentava convencer um (potencial) cliente a investir num veículo que dava, sem risco, 10% ao ano – garantido. Ora, isso não existe. Aliás, uma parte significativa dos comerciais do sector não fazem ideia da rendibilidade que, em média, está associada às diferentes categorias de activos. Neste aspecto, o banco que, na minha opinião, está pior servido é o BCP.
Por outro lado, há aspectos que me chocam profundamente. Acima de todos, a falta de preparação dos recursos humanos, em particular os funcionários que hoje têm entre 35 e 50 anos de idade. Recentemente, tive acesso a dados do sector de “Private Banking” e observei o rol infindável de funcionários, alguns pagos a peso de ouro, que não têm formação superior. Na realidade, é nas vendas que se encontram os maiores embustes do sector. Ainda no outro dia, a bordo do Alfa, num lugar próximo do meu, um comercial da banca tentava convencer um (potencial) cliente a investir num veículo que dava, sem risco, 10% ao ano – garantido. Ora, isso não existe. Aliás, uma parte significativa dos comerciais do sector não fazem ideia da rendibilidade que, em média, está associada às diferentes categorias de activos. Neste aspecto, o banco que, na minha opinião, está pior servido é o BCP.
Por fim, a estratégia dos bancos. Não entendo o conservadorismo atávico na hora de financiar novos negócios. Num país onde os bancos, através de condições leoninas, colocam sérios entraves aos empréstimos às empresas, não se pode esperar que o empreendedorismo progrida. Não digo que se empreste de forma indiscriminada. Mas é preciso ter a iniciativa de apoiar o que pode fazer sentido. É que, infelizmente, em Portugal, ainda se chega à ridícula situação de se exigir, como contrapartida de um crédito ao investimento, uma aplicação financeira de valor semelhante. Caso para dizer: “ora bolas, se tivesse essa aplicação, liquidava-a e não pediria o empréstimo”. Assim é fácil emprestar dinheiro. Embora nem sempre contra a maré, o BES é o melhor exemplo daquilo que se devia fazer com maior frequência. E os resultados estão à vista. No nosso país, a solução para melhores condições de financiamento apenas chegará através dos nossos mercados de capitais. Porque no dia em que também as PME’s portuguesas se consigam lançar em bolsa, as sociedades de capital de risco estrangeiras entrarão no nosso mercado, apoiarão os projectos emergentes e forçarão os bancos a ajustar-se.
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