01 dezembro 2007

preconceitos


Nenhuma sociedade humana sobrevive sem preconceitos e uma sociedade é tanto mais próspera quanto mais preconceitos eficazes ela possuír. Os preconceitos são aqueles comportamentos, acções ou reacções que, perante determinadas circunstâncias, as pessoas adoptam de forma automática e sem os submeterem a escrutínio racional. É o automatismo dos preconceitos - a circunstância de as pessoas não terem de gastar tempo ou outros recursos para decidirem acerca de certas circunstâncias da vida - que torna os preconceitos de um valor incalculável para a sobrevivência e a prosperidade de uma sociedade.

O homem que se levanta de manhã para sair para o trabalho e veste as calças, ou põe a gravata, está a fazer uso de preconceitos. Na realidade, ele poderia sair de calções, de saias, ou até nú Porém, se ele se pusesse a decidir entre as várias alternativas - calças, saias, calções, nú - e a fundamentar a sua decisão racionalmente, e este problema fosse multiplicado a propósito de todos os actos que ele tem de praticar antes de sair de casa para o trabalho, ele acabaria por nunca sair para o trabalho. Uma sociedade sem preconceitos ficava paralisada e pobre.

Os preconceitos são regras de acção automáticas que as gerações anteriores nos legaram e que nos permitem economizar muito tempo e outros recursos. Cada cultura possui os seus preconceitos e as culturas mais prósperas são aquelas que possuem um stock maior de preconceitos eficazes. Tendo-se confrontado com problemas semelhantes aos nossos no passado, as gerações dos nossos antepassados tiveram de encontrar soluções para eles. E, tendo encontrado aquela que consideraram ser a melhor para cada um desses problemas - a solução que funciona melhor na maior parte dos casos semelhantes - elas legaram-nos essa sabedoria sob a forma de regras automáticas de comportamento: "Perante tais e tais circunstâncias, faz assim e assim - não percas sequer tempo a pensar".

É o conjunto dos seus precoconceitos que define uma cultura e a distingue de outra cultura. E quanto maior fôr o número de preconceitos eficazes que uma cultura possui em relação a outra, mais próspera essa cultura será em relação à outra. É esta também a razão porque é tão difícil mudar uma cultura. Uma cultura faz-se sobretudo de comportamentos automáticos - preconceitos - que as pessoas generalizadamente aceitam e praticam de forma acrítica sem nunca questionarem a sua racionalidade. E ainda bem que assim é, caso contrário seriam imensamente pobres, na realidade, nunca chegariam a sair de casa de manhã para o trabalho.

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