equilíbrio

No post anterior, procurei ilustrar que a tolerância social à liberdade de expressão tem limites. O montante óptimo de tolerância não é 100%. Entre a intolerância absoluta (0%) e a tolerância total (100%), a dificuldade consiste em encontrar o ponto óptimo ou de equilíbrio.

Teoricamente, este ponto define-se como aquele a partir do qual qualquer acréscimo de tolerância possui mais custos do que benefícios. Para os economistas, este é o ponto onde o benefício marginal iguala o custo marginal. E conquanto seja razoavelmente simples defini-lo em abstracto, a grande dificuldade consiste em encontrar este ponto de equilíbrio nas circunstâncias concretas de cada sociedade.

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Este ponto de equilíbrio situa-se algures entre 0 e 100%, excluindo portanto as soluções radicais da intolerância absoluta (0%) e da tolerância total (100%), sugerindo que as soluções radicais de um lado e do outro do espectro, a respeito da tolerancia, como de qualquer valor social, não são soluções óptimas.

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O radicalismo de valores constitui uma atitude curiosa e, às vezes, até engraçada, frequentemente praticada por adolescentes na esperança de serem notados. Mas não constitui nunca a melhor solução para a sociedade. A melhor solução encontra-se algures entre os extremos, no ponto de equilíbrio. É no equilíbrio - e não no radicalismo das posições extremas - que as sociedades podem encontrar as condições para sobreviver primeiro, e prosperar depois.

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No espectro da tolerância que é permitida à contestação de cada valor ou preconceito social este equilíbrio não ocorre necessariamente a meio (50%). Nalguns casos, o montante óptimo de tolerância pode ser bastante restrito - por exemplo, 5%. Quando a sociedade, a respeito de cada um dos seus preconceitos e valores, ultrapassa o ponto de equilíbrio, é de esperar um refluxo, caracterizado por alguma intolerancia em relação aos níveis previamente consentidos. É o que pode vir a acontecer em breve na sociedade portuguesa. Na blogosfera portuguesa eu julgo que já está a acontecer.