23 dezembro 2007

amor livre

A expressão amor livre engloba dois termos, amor e livre, que me parecem bastante contraditórios. Contudo o seu uso banalizou-se tanto que esta contradição não salta imediatamente à vista. O mesmo acontece de resto com outras expressões de uso corrente como socialismo democrático, por exemplo.
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O amor é um sentimento tão procurado e valorizado que a simples ideia de que pode ser obtido livre de quaisquer ónus, como o sol ou o ar que respiramos, desafia a inteligência. Só mesmo os néscios ou as crianças acreditariam em tal princípio. Uma sociedade que aceitasse o amor livre como norma de comportamento estaria por certo infantilizada.

Ninguém estaria disposto a quaisquer tipos de sacrifícios, nem sequer a aceitar as responsabilidades inerentes às consequências do relacionamento amoroso. O Estado seria chamado a assumir as responsabilidades dos progenitores, subsidiando a criação dos filhos, quando os pais estivessem para aí virados, ou pagando a famílias de acolhimento, ou acolhendo as próprias crias em estabelecimentos públicos. Na alternativa o Estado pagaria os abortos, se fosse essa a escolha das mães. De facto foi a este ponto que já chegamos.

Para o Estado, enquanto entidade social, é irrelevante se a opção dos pais recai no primeiro cenário ou no segundo porque ambas as opções, analisadas à luz fria da razão, parecem razoáveis. Apesar do Estado assumir o papel do Pai ainda não lhe atribuímos emoções e sem emoções todas as opções parecem idênticas.

Para as mulheres, em particular, o amor livre é mais nocivo porque a natureza dotou-as de menos oportunidades reprodutivas do que aos homens e portanto elas necessitam de ser mais criteriosas na escolha de parceiros e de lhes cobrar bem cobrado o investimento que fazem com o amor que lhes dedicam.

Livre? Só se for como no Serviço Nacional de Saúde, é livre para o consumidor mas alguém vai ter de pagar a conta.
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Autor: Joaquim Sá Couto, enviado por e-mail.


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