18 dezembro 2007

afinal, o beto era «maluco»?

«Beto Maluco» morreu metralhado pelas balas que, segundo se julga, os seus rivais da noite portuense lhe terão destinado. A origem do conflito estará, ao que tudo indica, nas vinganças de gangs ligadas a negócios ilícitos, sobretudo ao tráfico de droga, e em disputas de territórios e quotas desse mercado negro. Ele não será, no fim de contas, muito diferente dos outros inúmeros casos de criminalidade violenta organizada, que existem por esse mundo fora.

O que leva pessoas como, supostamente, o «Beto Maluco» a entrarem neste tipo de negócio não é, como uma certa esquerda se esforçou durante décadas por demonstrar, nem a pobreza congénita dos protagonistas, nem as condições sociais onde nasceram e viveram, menos ainda a falta de estudos ou de educação. Não são, por isso, «bons selvagens» que a sociedade estragou e encaminhou, por falta de recursos e condições, para uma vida criminosa. Eles são, como quaisquer outros, profissionais que fizeram escolhas e tomaram decisões racionais.

Na verdade, o que leva as pessoas a este tipo de crime é a apetência por uma actividade de baixo esforço e elevadíssimos lucros obtidos num curto prazo de tempo. Se comparada com outras profissões, o comércio de droga confere ganhos fáceis, rápidos e muito consideráveis, que permitem atingir rapidamente elevados níveis de vida a quem a exerce. Os riscos da profissão são grandes, é certo, desde a prisão até à morte, mas, apesar de tudo, não são tão frequentes, nem atingem tantos profissionais, quanto isso. Veja-se, concretamente, quantas pessoas morrem, por ano, devido a homicídios provocados pelo tráfico de droga em Portugal? Provavelmente, durante anos seguidos, nenhuma.

Afinal de contas, nem o Beto era «maluco», nem malucos são os que fazem do comércio da droga a sua actividade profissional principal. Se esta passar a ser lícita e, consequentemente, os ganhos diminuírem substancialmente em virtude da normalização da actividade e da diminuição do risco, a probabilidade de os criminosos se afastarem dela será também muito elevada.

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