18 dezembro 2007

Que fazer?



Num post anterior defendi a tese de que Portugal não é um país culturalmente colectivista. É, pelo contrário, um País de individualistas radicais mas que são infantis na expressão desse individualismo. Especulei depois sobre as origens desta singularidade que chamei proto-liberalismo e concluí que se ficou a dever à influência nefasta do Estado Novo e do período do Post-25 de Abril (Novo Estado?).

Agora interrogo-me sobre o que fazer? Perdoem-me os puristas a Leninada. Qual deverá ser a melhor estratégia política para liberalizar Portugal? Fundar um novo partido? Organizar congressos? Ensinar? Teorizar?Nada disto resultará. Neste sentido subscrevo a tese do Prof. Pedro Arroja de que estas acções serão inúteis. Então o quê?

A resposta é muito simples, se aceitarmos as premissas da minha tese. Precisamos apenas de disciplina. A meninada que anda numa algazarra que nos torna ingovernáveis anseia por disciplina. Necessita de regras claras de comportamento e de um sistema de penalizações e de recompensas que todos entendam. Este anseio explica muito do sucesso de Sócrates e de Cavaco.

Em termos políticos essa disciplina depende inteiramente de uma reforma do sistema judicial que garanta a igualdade perante a Lei e a sua aplicação célere e rigorosa. Ainda, o respeito absoluto pelos direitos cívicos dos cidadãos.

A tarefa de todos os que defendem a liberdade, nos seus mil paladares e nuances, deve portanto ser, na minha opinião, uma luta firme e cerrada por um Estado de direito que garanta a nível cultural a disciplina de que precisamos com urgência. A ideia de Liberdade tem tanta força intrínseca que não necessitará de gurus para se impor. Apenas de regras claras e de diciplina para que todos entendam como dela podem beneficiar, sem ficarem expostos aos abusos de bullies.

Precisamos, talvez, de organizações, como a American Civil Liberties Union (ACLU) que tenham grande exposição mediática e que pugnem em tribunal pela defesa de princípios fundamentais. Precisamos apenas de disciplina.

Autor:Joaquim Sá Couto, enviado por mail

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