28 novembro 2007

eles não vêm de paris!

Depois de me ter remetido para partes impudentemente fálicas, reacção que um psiquiatra versado em Freud o ajudaria a compreender, o Luís Lavoura anunciou, com ingenuidade e candura, que é pai de dois filhos que «nasceram por acaso».

«Por acaso», muito francamente, não conheço ninguém que tenha nascido, nem me lembro de ter visto ao longo da História da Ciência alguém que tenha defendido semelhante hipótese. Por abiogênese, isto é, por geração espontânea (o que é diferente de ser «por acaso»), havia, de facto, quem achasse que a vida podia ser criada. Alguns clássicos gregos, entre eles Anaximandro e Aristóteles, pensavam que sim. Mas era para seres insignificantes, como larvas (das frutas podres) e ratos (das fezes). Onde a teoria foi mais longe terá sido durante o século XIII, quando havia quem acreditasse que de certas árvores nasciam os gansos. Mas, em relação a bebés humanos, muito francamente, creio que ninguém defendeu, até hoje, a abiogênese.

Não querendo perder muito tempo com as teorias da causalidade, acho, contudo, que nunca é demais repetir que não há coisas sem causas. Por outras palavras, tudo são consequências dos nossos actos. Umas desejadas, outras indesejadas, umas previstas, outras imprevistas, umas inevitáveis, outras evitáveis, etc. e tal. No caso dos bebés humanos, lamento imenso ter de destruir a doce ilusão em que provavelmente o Luís Lavoura ainda viverá: eles não vêm de Paris, pendurados numa cegonha! Ainda que lhe custe a acreditar, eles nascem mesmo das relações sexuais!

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