Eu gostaria de estabelecer uma periodização do último século em Portugal procurando correlacionar o valor da autoridade com a performance económica e social do país.
A revolução republicana de 1910 inaugurou um período de enorme quebra do valor da autoridade em Portugal; foi também um dos piores períodos da nossa história em termos económicos e sociais.
A revolução de 28 de Maio (1926) e, em particular a instauração do Estado Novo (1933) reinstalou o valor da autoridade em Portugal. O país conheceu então um dos períodos de crescimento mais vigorosos dos últimos séculos.
A revolução de 25 de Abril (1974) voltou a desgastar o valor da autoridade, e a economia e a sociedade portuguesas ressentiram-se imediata e profundamente. A adesão à União Europeia em 1986 voltou a impôr o princípio da autoridade no país, desta vez vinda de fora. Entre 1986 e 1998, Portugal conheceu, em termos económicos e sociais, o melhor período da moderna era democrática.
Porém, a autoridade da União Europeia, sendo exógena e ainda por cima impessoal - e largamente comprada - estava destinada a desvanecer-se rapidamente: hoje, permanece em relação ao défice orçamental, mesmo aí com reduzido ímpeto, e pouco mais. Na minha opinião por causa disso, Portugal conhece desde há seis ou sete anos a mais prolongada recessão de que há memória na sua história recente.
Um novo surto de autoridade é necessário no país e só ele o vai revigorar.
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