14 outubro 2007

o monopólio triunfou

Nunca tendo existido - muito menos florescido - alguma civilização na história da humanidade sem a ideia de Deus, a minha premissa de base é que Deus é a ideia mais importante de qualquer civilização. Por isso, os modos de pensar, de agir e de fazer de um povo, os seus costumes e tradições, a sua visão do mundo - em suma, a sua cultura - explicam-se, em primeiro lugar, a partir da sua própria visão de Deus e do modo como essa relação foi vivida ao longo da sua história.

Na minha opinião, Deus constitui o factor explicativo fundamental dos comportamentos da espécie humana. Por isso, é certamente surpreendente que os autores liberais modernos mais populares - como Hayek, Mises, Friedman, Rothbard, Ayn Rand - tenham colocado de lado a ideia de Deus, explicando a sua démarche - na realidade, o preconceito - sob o seu declarado agnosticismo ou ateísmo.

Eu julgo, porém, que existe uma razão mais profunda para explicar a fuga destes autores perante a ideia de Deus. Na realidade, algumas das suas teses mais consagradas ruíam pela base se eles as tivessem aplicado à esfera religiosa da sociedade. Provavelmente, uma das mais importante é a de que a concorrência é um sistema de organização das actividades humanas inerentemente superior ao monopólio.

É claro que esta tese é falsa no domínio da religião. Nenhuma civilização politeísta, em que vários deuses se encontram em concorrência para captar as consciências humanas, alguma vez atingiu o nível de desenvolvimento e prosperidade - para não falar em popularidade - de qualquer das grandes religiões monoteístas, significando que no reino do divino, o monopólio triunfou sobre a concorrência.

E, mesmo dentro de uma religião monoteísta, como o cristianismo, a igreja mais popular - e, na opinião de Hayek e também de Rothbard, a melhor - é a Igreja Católica, que é aquela que já deteve um monopólio e, mesmo quando o monopólio passou a estar ameaçado pela concorrência das igrejas protestantes, continuou a ambicionar recuperar o monopólio.

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