A ideia de que a mentalidade de grupo é um dos maiores inimigos da liberdade precisa de alguma clarificação e qualificação. Eu não tenho dúvida de que, à escala da humanidade, as maiores ameaças à liberdade - e as maiores atrocidades - provieram sempre de grupos, cujos membros se cimentaram entre si por alguma forma de ideologia. O século XX, neste aspecto, corre o risco de ficar para a história como o mais emblemático.
Desta ideia não deve, porém, decorrer que um homem livre é necessariamente avesso a grupos, ou pior ainda, um eremita. Um homem livre, como os outros, vive em grupos - na família, no emprego, na associação recreativa, na igreja (sendo religioso), na nação. Um homem livre, porém, está pronto a divergir da mentalidade do grupo e até a opor-se à mentalidade do grupo - e é aqui que ele se distingue dos outros membros do grupo.
A mentalidade tribalística visa em geral o bem do grupo, possui uma moralidade própria e alegadamente superior, e é exclusiva - deixa de fora todos aqueles que não aderem a ela, os quais passam a ser vistos como inimigos. Quando passa das ideias à prática, a acção do grupo, pela força dos seus números, é implacável; pela sua arrogância moral, é cruel; e pelo seu carácter exclusivo, é violenta. Para prevenir tudo isto, aquilo de que um grupo mais necessita é de possuír no seu seio homens e mulheres que sejam livres.
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