A liberdade sem restricções de que as corporações passaram a gozar a partir de 1974, e a extinção da Câmara Corporativa, produziram o resultado que era de esperar - cada corporação organizou-se o melhor que pôde para obter do Estado benesses especiais a expensas do resto da população.
Existe um serviço nacional de saúde no país (SNS). Mas, depois, existe um regime especial para os funcionários públicos (ADSE) e, ainda, regimes especialíssimos, para os juÍzes, os polícias, os funcionários dos CTT, etc. Existe um regime geral de reformas no país. Mas depois, existem regimes especiais para os deputados, os professores, os juízes, os médicos e enfermeiros, os funcionários de empresas públicas, etc. Na esfera dos grandes interesses económicos e sobretudo na dos partidos políticos, a situação não é diferente.
Salazar não era contra as corporações. Ele era contra o liberalismo corporativo, onde cada grupo de interesses é deixado em concorrência com os demais para se aproveitar o mais que pode das benesses que o poder político lhe pode conceder. É este liberalismo corporativo o principal responsável pelo aumento extraordinário da despesa pública no país nos últimos 30 anos, pela qual os portugueses andam agora a apertar o cinto há pelo menos meia dúzia, sem conseguirem impedir que ela continue a aumentar.
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