Ser um adepto da democracia não implica, na concepção cristã que é a concepção de Tocqueville (cf. post anterior), subscrever todas as instituições que foram criadas, ou rejeitar todas aquelas que foram destruídas, em nome da democracia. Algumas dessas instituições são independentes do regime político. Outras são inerentes à democracia, mas podem instituir-se de forma diversa.
Assim, eu sou um adepto do sufrágio universal, mas não a partir dos 18 anos - somente a partir dos 40. Como argumentei em post anterior, eu julgo também que uma Câmara Corporativa seria muito útil à democracia portuguesa. Sou também um defensor de restricções à liberdade de expressão - especialmente em matéria religiosa e de protecção às crianças, como sucede na Irlanda. E sou ainda um crítico, em Portugal, do Estado laico, considerando que o Estado democrático português deveria privilegiar a tradição católica da população. Não tenho, para Portugal, grande simpatia pela ideia de uma constituição que é uma instituição que, a meu ver, nos tem servido mal - desde a primeira, em 1822, já vamos na sétima, e parece que se aproxima a oitava.
Estes exemplos servem para ilustrar que um cidadão pode ser um adepto da democracia, sem que tenha de subscrever a forma de democracia ilimitada que se instalou no país.
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