A direita partidária portuguesa enferma de um equívoco original, que lhe afecta hoje ainda a identidade. Esse equívoco chama-se Partido Social-Democrata.
A história é simples. O PSD foi baptizado inicialmente como Partido Popular Democrático. Esta designação afastava-o da ideologia da moda naquele tempo, de que Sá Carneiro se reclamava seguidor, a social-democracia de inspiração nórdica, e, por outro lado, impedia-o definitivamente de tentar a filiação na Internacional Socialista, sob cuja protecção o partido pretendia ficar. Isso tinha importância não apenas a nível externo, mas sobretudo a nível interno, onde o partido ficaria definitivamente consolidado sem correr os riscos próprios do processo revolucionário ainda em curso, como poderia aspirar a disputar mais directamente o eleitorado do Partido Socialista. Por estes motivos, o PPD passa a chamar-se PSD em 1977.
Daqui resultou que o grande partido à direita do PS, com quem este se alternou na chefia do governo durante toda a III República, não se distinguiu, nem distingue, ideologicamente do seu principal adversário. O que podia ter sido uma evolução natural do PSD para a direita ideológica, acabou por se transformar numa confusão entre políticas socialistas, intervencionistas e liberalizadoras, com pequenas nuances discursivas consoante as lideranças, podendo dizer-se exactamente o mesmo do PS. Hoje, o PS reclama-se social-democrata. O PSD também.
Num quadro partidário onde fazia sentido arrumar o PS na social-democracia e o PSD no conservadorismo neoliberal, o primeiro com uma maior ligação ideológica aos sindicatos, ao funcionalismo público e ao Estado, o segundo mais próximo da burguesia liberal e da iniciativa privada, existe uma confusão generalizada, onde os partidos só se distinguem quando estão no governo, mais pelas pessoas do que propriamente pelas políticas. Há mesmo quem considere que as posições se inverteram relativamente nas últimas experiências governativas dos dois partidos: o PSD mais estatista com Barroso e Ferreira Leite, o PS mais liberalizador com Sócrates e as políticas orçamentais de contenção.
Para todos os efeitos, subsiste o problema original, que transforma o nosso sistema partidário num case study mundial, em que os dois grandes partidos da alternância governativa são sociais-democratas. Ainda hoje, tendo em vista as eleições para a presidência do partido, o líder do PSD, Marques Mendes, voltou a insistir na social-democracia. E o espaço conservador e liberal continua se uma representação que o assuma.
A história é simples. O PSD foi baptizado inicialmente como Partido Popular Democrático. Esta designação afastava-o da ideologia da moda naquele tempo, de que Sá Carneiro se reclamava seguidor, a social-democracia de inspiração nórdica, e, por outro lado, impedia-o definitivamente de tentar a filiação na Internacional Socialista, sob cuja protecção o partido pretendia ficar. Isso tinha importância não apenas a nível externo, mas sobretudo a nível interno, onde o partido ficaria definitivamente consolidado sem correr os riscos próprios do processo revolucionário ainda em curso, como poderia aspirar a disputar mais directamente o eleitorado do Partido Socialista. Por estes motivos, o PPD passa a chamar-se PSD em 1977.
Daqui resultou que o grande partido à direita do PS, com quem este se alternou na chefia do governo durante toda a III República, não se distinguiu, nem distingue, ideologicamente do seu principal adversário. O que podia ter sido uma evolução natural do PSD para a direita ideológica, acabou por se transformar numa confusão entre políticas socialistas, intervencionistas e liberalizadoras, com pequenas nuances discursivas consoante as lideranças, podendo dizer-se exactamente o mesmo do PS. Hoje, o PS reclama-se social-democrata. O PSD também.
Num quadro partidário onde fazia sentido arrumar o PS na social-democracia e o PSD no conservadorismo neoliberal, o primeiro com uma maior ligação ideológica aos sindicatos, ao funcionalismo público e ao Estado, o segundo mais próximo da burguesia liberal e da iniciativa privada, existe uma confusão generalizada, onde os partidos só se distinguem quando estão no governo, mais pelas pessoas do que propriamente pelas políticas. Há mesmo quem considere que as posições se inverteram relativamente nas últimas experiências governativas dos dois partidos: o PSD mais estatista com Barroso e Ferreira Leite, o PS mais liberalizador com Sócrates e as políticas orçamentais de contenção.
Para todos os efeitos, subsiste o problema original, que transforma o nosso sistema partidário num case study mundial, em que os dois grandes partidos da alternância governativa são sociais-democratas. Ainda hoje, tendo em vista as eleições para a presidência do partido, o líder do PSD, Marques Mendes, voltou a insistir na social-democracia. E o espaço conservador e liberal continua se uma representação que o assuma.
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