A principal diferença entre uma universidade portuguesa, numa cultura predominantemente católica, e uma universidade norte-americana, numa cultura predominantemente protestante, é a extrema politização da primeira e a ausência prática de partidarização política da segunda.
Nesta, um universitário que saia da universidade para desempenhar um cargo na política, dificilmente regressa à universidade. São os colegas que se opõem, e nem sequer de uma forma explícita; é uma atitude cultural. Na universidade, um homem é suposto prosseguir a verdade e só a verdade. Pelo contrário, na política, ele vai inevitavelmente comprometer a verdade, pela conveniência de servir o partido que o chamou e pela necessidade de iludir as massas que lhe garantem os votos e a permanência no poder a ele e aos seus colegas da política. A sua acção na política manchou para sempre a sua credibilidade académica. E o seu regresso à universidade mancharia, por contágio, a credibilidade de todos os que lá estão.
Pelo contrário, em Portugal, aquilo que é normal é o vai-vem entre a universidade e a política. O próprio universitário ambiciona um lugar na política como uma espécie de coroa de glória da sua carreira académica. E quando termina ou interrompe a sua acção na política, ele volta à universidade frequentemente com mais estatuto, mais privilégios, e menos trabalho, do que quando de lá saíu. O resultado inevitável é a prostituição do ideal universitário de chegar à verdade, o qual é substituído pelo imperativo da conveniência política e da lealdade ao grupo.
A universidade deixa de ser um centro de aprendizagem e saber e passa a ser uma central de propaganda onde as verdades que são aprendidas e ensinadas mudam de acordo com a conjuntura política.
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