Nos últimos meses, eu tenho vindo a defender neste blogue, e anteriormente noutro, que no seio da civilização cristã, a cultura católica é imensamente mais livre do que a cultura protestante ou qualquer outra corrente do cristianismo. E, embora cometendo o risco de errar, porque não conheço suficientemente todas as outras grandes culturas existentes no mundo, a julgar pelos seus resultados práticos, eu estou pronto a inferir que a cultura católica é a mais livre de todas as culturas que a humanidade jamais conheceu.
Max Weber, no seu conhecido A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905) tocou inadvertidamente no ponto essencial, embora sem o compreender em todas as suas implicações. Disse ele: "O Deus do calvinismo exige dos seus crentes, não boas obras singulares, mas uma vida de boas obras. Não existe lugar ao muito católico ciclo do pecado, confissão, arrependimento e perdão, seguido de novo pecado."
Na realidade, que sistema ético, senão o católico, confere ao homem uma tão grande esfera de liberdade individual, a qual é levada ao extremo de ele ser livre para pecar e, depois de percorrido o ciclo da confissão, do arrependimento e do perdão, voltar a ser livre para pecar outra vez? Eu não conheço outro e esta é, aos meus olhos, a razão principal da supremacia humanista da cultura católica, face a todas as outras - e, ironicamente, também, o seu grande calcanhar de aquiles.
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