29 setembro 2007

irish family

Como indiquei no meu post anterior, a Irlanda, partindo do antepenúltimo lugar, transformou-se, no espaço de década e meia, no país mais desenvolvido da União Europeia, enquanto Portugal permaneceu em último (UE-12). Vários factores terão contribuido para este resultado, o mais conhecido dos quais é a política de impostos que o país adoptou no ínício da década de 90. Outro factor terá sido a melhor utilização que deu aos subsidios que, tal como Portugal, recebeu da UE.

Porém, eu gostaria de chamar a atenção para outro factor que, no meu conhecimento, nunca foi referido e que explica muito do vigor económico da sociedade irlandesa, face à relativa estagnação, senão mesmo degradação, da sociedade portuguesa. Refiro-me à coesão da família.

Nos países de tradição católica, a família costuma ser uma instituição muito forte e coesa. A família é também, em qualquer cultura, uma instituição económica muito eficiente. A razão é que, para um homem e uma mulher separadamente, onde seriam necessárias duas casas, dois frigoríficos, dois telefones fixos, duas camas, etc., com o casamento passa a ser necessário apenas uma, permitindo a essas duas pessoas manter o mesmo nível de produção, com custos mais baixos.

Ora, sucede precisamente que, entre o início da década de 90 e o presente, a família irlandesa permaneceu uma instituição aparentemente forte e coesa, ao passo que em Portugal ela não tem deixado de enfraquecer, senão mesmo desagregar.

Neste período de década e meia, a taxa de divórcio mais do que duplicou em Portugal, passando de um para 2.3 divórcios por cada mil habitantes, enquanto na Irlanda ela não passa de 0.7.

No mesmo período, a taxa de casamento em Portugal caíu mais de 40%, passando de 6.8 para 4.0 casamentos por cada mil habitantes, enquanto na Irlanda ela se manteve praticamente inalterada, passando de 5.2 para 5.1. E enquanto a taxa de fertilidade da mulher irlandesa permaneceu razoavelmente elevada nesse período (2.0), a da mulher portuguesa, pelo contrário continuou a ser uma das mais baixas da Europa (1.5).

Resta acrescentar que, enquanto na Irlanda o aborto é proibido, em Portugal ele passou agora a ser livre.

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