Quando a vida de um homem e a possibilidade de sustentar a sua família dependem da pertença a um grupo, em oposição a outros grupos concorrentes, quando a sua carreira e a suas promoções na carreira dependem das mesmas circunstâncias, quando as oportunidades para ascender a posições de prestígio na sociedade - como a de ministro, deputado ou alto dirigente da administração ou meramente a de professor catedrático - dependem ainda da sua pertença a um grupo, em oposição e em concorrência com outros grupos semelhantes, então este homem, ao final de alguns anos, não pode senão tornar-se um homem faccioso e intolerante em relação a todas as ideias e a todas as pessoas que não sejam aquelas do grupo a que ele pertence.
Não surpreende, por isso, que começando com a reforma do Marquês de Pombal, e acentuando-se a partir da revolução liberal de 1820, a universidade portuguesa tenha sido o centro onde se formaram, e o trampolim a partir do qual saltaram para a sociedade portuguesa, às vezes influenciando-a decisivamente, os homens mais facciosos e intolerantes que Portugal conheceu nos últimos dois séculos e meio - a começar, obviamente, pelo próprio Marquês de Pombal.
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