12 setembro 2007

a corrente milagrosa da direita portuguesa



Sempre fui adepto de correntes milagrosas. Desde as muito velhinhas de S. Judas Tadeu, com remessa postal e distribuição dispendiosa pelo correio a amigos e inimigos, até às mais recentes que circulam via net.

Ao longo da minha vetusta existência, posso assegurar que nunca quebrei uma corrente, não deixei de mandar todas as cartas a que me obrigavam, os e-mails que me pediam, mesmo até quando naquelas tinha que incluir uma moeda de tostão ou, às vezes, de valor mais elevado. E posso também garantir que nunca me falharam nem as alegrias nem as benesses que essas maravilhosas cadeias de solidariedade humana, acompanhadas pelos mais altos espíritos de santos e benfeitores da humanidade, nos concedem. Se hoje ostento uma farta cabeleira, a S. Judas e aos pedidos desesperados que na minha juventude lhe enderecei nas milagrosas correntes, a devo. Se conservo a elegância, a jovialidade e uma robustez à prova de bala, tenho de lhe agradecer. Se a fortuna me sorriu, mesmo sem ter de me escravizar numa carreira política, a S. Judas e às correntes presto homenagem.

Não fui, contudo, até hoje capaz de dar início a nenhuma. Quer pela minha modéstia, em parte natural, em parte abençoada pelas divinas correntes, quer pela incapacidade imaginativa, nunca me atrevi a tanto. Hoje, depois de ter passado os olhos por uma corrente literária que anda aí pelos blogues, ganhei a coragem necessária para me aventurar a tão alta empresa. Sosseguem os leitores, e os que serão bafejados pela minha vontade de lhes passar a corrente, que não lhes pedirei promessas, nem dinheiro, menos ainda confissões ou arrependimentos íntimos. O assunto é outro e o pedido o seguinte: enuncie dez características que, em sua opinião, separam e distinguem a nossa direita partidária (PSD e CDS) do PS e do governo.

Depois, envie as suas respostas e a corrente a dez pessoas conhecidas, reze uma oração à escolha, e aguarde pela vitória em 2009. E já sabe: se quebrar a corrente, Marques Mendes e Paulo Portas nunca mais chegarão ao poder.

Aqui seguem as minhas escolhas:

- a clareza de ideias;
- a renovação dos dirigentes;
- a abertura das estruturas partidárias;
- o desinteresse pelas benesses da política e dos lugares públicos;
- o discurso cativante e galvanizador de Marques Mendes;
- as novas ideias de Paulo Portas;
- a vontade reformista;
- as propostas para diminuir o Estado;
- o choque fiscal;
- o militante Jacinto Leite Capelo Rego.

Passo esta corrente milagrosa a: Adolfo Mesquita Nunes, André Azevedo Alves, António Costa Amaral, Bruno Alves, Carlos Abreu Amorim, Fernando Moreira de Sá, Helder, João Miranda, Paulo Pinto Mascarenhas e Rodrigo Adão da Fonseca. Todos fássistas encartados, como é público e notório.

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