O cesarismo, ou a ausência dele, é, segundo o meu amigo Pedro Arroja, o grande mal das sociedades onde predomina uma cultura católica, como é o caso da nossa.
Eu concordo em boa medida com a sua análise: o título deste «post», o célebre «quem, manda, quem manda, quem manda», com que habitualmente se homenageava o Doutor Salazar, podia ser bem o ex libris da portugalidade. Ou o seu epitáfio, consoante os pontos de vista.
De facto, os portugueses habituaram-se a que mandem por eles e não são capazes de assumir a responsabilidade de viverem livremente. Se isso é devido ao catolicismo dominante (espero bem que não…), ou a qualquer outra coisa, não sei. Mas o que sei é que não é por causa da falta de «Césares», por outras palavras, de tipos que façam disto e de nós o que querem e bem lhes apetece, que o país é a lástima que todos conhecemos. Porque, entendamo-nos: José Sócrates faz o que quer de Portugal, do governo, do Partido Socialista, do presidente da República e da oposição; Durão Barrosos idem aspas, com a nuance de não ser o PS o partido do governo, mas sim o PSD; Guterres também (Sampaio implorou-lhe para que ele, depois das maravilhas que operou durante seis longos anos, não deixasse de fazer o favor de nos continuar a governar); quanto a Cavaco e a Soares, bom, penso que não precisamos de dizer nada; se ultrapassarmos a fronteira quase simbólica, neste aspecto, que foi o 25 de Abril, Salazar tratou-nos a todos como velhas sopeiras da província, e Marcelo Caetano só caiu por ter sido incapaz de mandar nesta corja que somos.
Mais para trás, meu caro Pedro, o panorama não nos beneficia: faltam «césares» de todas as cores, formas e feitios, para todos os paladares. Não quero massacrá-lo, nem a si nem aos leitores, com um «post» gigantesco a fazer uma cesariana dos nossos 800 anos da nossa gloriosa história. Mas permita-me que lhe lembre aqui esse grande «César» que foi Afonso Henriques, porventura o maior de todos (embora tenha perdido o concurso da RTP), que correu à espadeirada a senhora sua mãe para fundar a pátria que nos viu nascer e dar-nos a alegria de sermos portugueses. Por mim, meu caro, e a todos o s Césares que lhe sucederam, bem podia ter estado quieto. Porque, meu caro, o que nos faltam não são Césares, mas plebeus que os ponham no sítio, como os da República Romana fizeram durante mais de 500 anos, para glória da cidade e do Império!
Eu concordo em boa medida com a sua análise: o título deste «post», o célebre «quem, manda, quem manda, quem manda», com que habitualmente se homenageava o Doutor Salazar, podia ser bem o ex libris da portugalidade. Ou o seu epitáfio, consoante os pontos de vista.
De facto, os portugueses habituaram-se a que mandem por eles e não são capazes de assumir a responsabilidade de viverem livremente. Se isso é devido ao catolicismo dominante (espero bem que não…), ou a qualquer outra coisa, não sei. Mas o que sei é que não é por causa da falta de «Césares», por outras palavras, de tipos que façam disto e de nós o que querem e bem lhes apetece, que o país é a lástima que todos conhecemos. Porque, entendamo-nos: José Sócrates faz o que quer de Portugal, do governo, do Partido Socialista, do presidente da República e da oposição; Durão Barrosos idem aspas, com a nuance de não ser o PS o partido do governo, mas sim o PSD; Guterres também (Sampaio implorou-lhe para que ele, depois das maravilhas que operou durante seis longos anos, não deixasse de fazer o favor de nos continuar a governar); quanto a Cavaco e a Soares, bom, penso que não precisamos de dizer nada; se ultrapassarmos a fronteira quase simbólica, neste aspecto, que foi o 25 de Abril, Salazar tratou-nos a todos como velhas sopeiras da província, e Marcelo Caetano só caiu por ter sido incapaz de mandar nesta corja que somos.
Mais para trás, meu caro Pedro, o panorama não nos beneficia: faltam «césares» de todas as cores, formas e feitios, para todos os paladares. Não quero massacrá-lo, nem a si nem aos leitores, com um «post» gigantesco a fazer uma cesariana dos nossos 800 anos da nossa gloriosa história. Mas permita-me que lhe lembre aqui esse grande «César» que foi Afonso Henriques, porventura o maior de todos (embora tenha perdido o concurso da RTP), que correu à espadeirada a senhora sua mãe para fundar a pátria que nos viu nascer e dar-nos a alegria de sermos portugueses. Por mim, meu caro, e a todos o s Césares que lhe sucederam, bem podia ter estado quieto. Porque, meu caro, o que nos faltam não são Césares, mas plebeus que os ponham no sítio, como os da República Romana fizeram durante mais de 500 anos, para glória da cidade e do Império!
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