Em dois posts anteriores, eu citei dois dos mais conceituados historiadores da actualidade em referências sobre Portugal. David Landes considera Portugal o pioneiro da globalização e da ciência experimental. Paul Johnson, referindo-se ao Brasil nas vésperas da independência, credita indirectamente Portugal como o pioneiro do multiculturalismo e da liberdade.
Landes dedica um capítulo inteiro do seu livro a Portugal para mostrar como, ao contrário dos descobertas espanholas que foram feitas de uma forma avulsa, casuística e aleatória, as nossas, pelo contrário, foram sistemáticas, científicas para a época, e assentes na razão experimental. E não deixa de sublinhar o paradoxo admirável de um país tão pequeno (um milhão de habitantes à época) ter controlado meio mundo, atribuindo-o ao facto de os entrepostos comerciais dos portugueses além-mar e os pontos de acesso aos novos continentes serem minuciosamente estudados e escolhidos.
A segunda citação é de Paul Johnson - o historiador actual que eu mais aprecio - e descreve o Brasil nas vésperas da independência e ainda sob administração portuguesa. Trata-se de um enorme cumprimento à tradição portuguesa.
O Brasil é apresentado como o primeiro país multicultural que o mundo conheceu - um país onde senhores e escravos faziam amor e procriavam - e o país mais livre do mundo. Ao contrário das colónias espanholas na América Latina, o Brasil é ainda retratado como um país aberto e não-violento.
Pioneiros na globalização; pioneiros na ciência experimental moderna; pioneiros no multiculturalismo; pioneiros na liberdade. Quando e como é que tudo isto, em grande parte, se perdeu? Quando - principalmente, na viragem do século XVIII para o século XIX. Como - importando as ideias que vieram da Europa do Norte e sobretudo da revolução francesa.
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